Slide

10/recent/ticker-posts

Juntos por AMOR a Santa Cruz: reduzir o custo de produção é a primeira saída à nova realidade micro e macroeconômica brasileira, mas com ressalvas

Olá! Na coluna anterior, abordamos as mudanças micro e macroeconômicas ocorridas no Brasil desde o início do Plano Real, passando pelas modificações sociais dos últimos anos. Todo esse processo provocou um aumento do consumo no mercado interno nacional, que alavancou o setor têxtil e proporcionou a profissionalização dos sulanqueiros em empresários da confecção; esse mesmo processo, entretanto, também mudou as relações humanas, sobretudo as trabalhistas, no sentido de mais formalização e maiores salários, e, consequentemente, mais custos nas atividades empresariais, o que minou o principal diferencial competitivo da antiga sulanca: o baixo preço. Ademais, os produtores internacionais vislumbraram no mercado brasileiro oportunidades, o que deixou a concorrência ainda mais acirrada e colocou hoje a economia santacruzense em xeque.

Diante desse cenário, reduzir custos torna-se uma questão de sobrevivência. Baixos custos significam menores preços finais e maior competitividade. Pensando na atividade confeccionista, porém, pouco há a se fazer, uma vez que a maior fatia dos passivos da atividade se constitui da folha de pagamento. Mas existem alguns pontos, como a automatização de alguns processos (bordadeiras e estampadeiras automáticas já são realidade em Santa Cruz), maior eficiência na gestão (gestão baseada em metas e remuneração variável proporcional à produtividade) são exemplos. Reduzir o custo com as vendas também é uma alternativa. Em Santa Cruz já existe a figura do representante, um serviço que reúne os clientes (em vez de reunir os vendedores, como nas feiras o fazem), o que torna o processo de venda mais objetivo e de menor custo.

Outro ponto fundamental é a redução da carga tributária. Nosso país é um dos mais caros do mundo por causa da carga tributária, o que deixa nossos produtos sempre mais caros e em sensível desvantagem comercial. Já existe em votação no Congresso Brasileiro um projeto de Lei que cria a Zona Franca do Polo de Confecções do Agreste; essa nova Lei será um fôlego extra e fundamental para a atividade, entretanto ainda se trata de um sonho, sobretudo porque políticos locais, não compreendo o motivo, questionam-o e se posicionam contra o projeto.

Enfim, reduzir custos, enxugar a máquina, é a primeira saída para se perdurar na atividade têxtil de confecção. Precisamos salientar, contudo, que o processo de aumento do custo de mão de obra brasileira é progressivo e essas medidas de redução de custos são limitadas, ou seja, chegará um dia em que, mesmo com todas essas medidas, a atividade não conseguirá ser operada no Brasil! Estaremos adiando o inevitável! Atividades manufatureiras não existem com expressividade em países desenvolvidos como os Estados Unidos e os países da União Européia. Reduzir custos, portanto, é mais do que uma primeira saída, mas uma questão de sobrevivência em um futuro incerto!

Existe, por fim, uma armadilha no processo de redução de custos: o acúmulo exagerado de funções. Imaginemos uma família de sulanqueiros, em que o filho mais velho corta o tecido, a mãe costura a roupa, o caçula tira a ponta de linha e o pai leva a mercadoria para a feira e compra mais tecidos. Eles cresceram, contrataram funcionários e agora cada um exerce uma função na diretoria da empresa: compras, vendas, produção, etc.. Havendo a necessidade de redução de custos, os membros da diretoria começam a acumular cargos: o diretor de vendas acumula a função de compras, o diretor de produção acumula a função de dirigir os recursos humanos, enfim. 

Esse tipo de postura pode levar à redução do volume do negócio, com redução das receitas e necessidade de nova redução de custos. Havendo novo ciclo de acúmulo de funções, a organização entrará em um processo retroalimentado, cujo final é o filho mais velho reassumir o cargo de cortador de tecidos, a mãe voltar a ser costureira, o caçula voltar para a ponta de linha e o pai para a feira e para a compra de tecidos! Haverá a involução do negócio e a família de empresários voltará a ser a família de sulanqueiros. 

Continue ligado! Nas próximas publicações, abordaremos o outro lado da planilha contábil: o das receitas. Como encarar o desafio de agregar mais valor aos produtos santacruzenses e melhorar a margem de contribuição, a fim de tornar a atividade mais forte e mais competitiva nessa nova realidade!

Francisco Zacarias
Curta a página de Francisco Zacarias no Facebook: https://www.facebook.com/xicozacarias

Postar um comentário

0 Comentários