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Ministério da saúde investiga ligação entre Zika vírus e casos de recém-nascidos com microcefalia em Pernambuco

O Ministério da Saúde decretou situação de emergência em saúde pública de importância nacional devido ao aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos em Pernambuco. O Estado nordestino registrou 141 casos suspeitos da doença, em 44 municípios, a maioria deles identificados nos últimos quatro meses. A média anual de casos é de 10. Há ainda notificações no Rio Grande do Norte e na Paraíba, mas em menores proporções.

"Estamos em uma situação inusitada em termos de saúde pública. Com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, criamos um protocolo para investigar as causas, que inclui exames clínicos, de imagem e laboratoriais", afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Castro. A análise dos resultados está sendo feita pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco) e o Centro de Pesquisas Ageu Magalhães, da Fiocruz. O caso foi comunicado à OPAS (Organização Pan Americana de Saúde) e à OMS (Organização Mundial de Saúde).

Marcelo Castro afirmou ainda que os profissionais das unidades básicas de saúde devem estar ainda mais atentos a possíveis casos de microcefalia quando estiverem fazendo atendimento de pré-natal. "Monitorem a medida craniana do bebê e notifiquem imediatamente se há suspeita de microcefalia", afirmou. O ministro pediu às gestantes que sigam corretamente o pré-natal.

Bebês com microcefalia nascem com perímetro cefálico menor do que a média. O problema pode ser provocado por uma série de fatores, desde desnutrição da mãe, abuso de drogas até infecções durante a gestação, como rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus.

Uma das suspeitas da equipe que investiga o surto é a contaminação da mãe pelo zika vírus. Transmitido pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que provoca a dengue. O vírus causa uma reação que até agora era dada pouca importância nos adultos: febre baixa, coceiras, manchas vermelhas pelo corpo. A doença chegou ao Brasil neste ano e atingiu principalmente Estados do Nordeste. "Mas, qualquer conclusão antes de se fazer uma investigação detalhada é precipitada e irresponsável", advertiu o ministro. 

"Algumas mulheres relataram vermelhidão, febre, durante a gravidez. Mas é complicado identificar isso, porque a mulher precisa recorrer à memória em nove meses de gestação. Estamos fazendo entrevistas, perguntamos que tipo de medicação foi tomada quando os sintomas apareceram", disse o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do ministério, Cláudio Maierovitch.

O aumento de casos de bebês com microcefalia coincide com período em que gestantes poderiam ter tido contato com o vírus. No início do ano, Pernambuco enfrentou uma epidemia de dengue e zika vírus. Foram contabilizadas 113.328 infecções no Estado, cinco vezes mais do que havia ocorrido em 2014.

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas equipes é o fato de não existir um exame específico para o zika. O teste realizado para confirmação dos casos tenta encontrar traços do DNA do vírus.

"O problema é que um eventual contato do bebê com o zika ocorreu ainda durante a gestação. O resultado negativo não necessariamente quer dizer que bebê e mãe não foram contaminados", avaliou Brito.

Qualquer que seja a causa, o impacto para saúde pública e para famílias é grande. "Crianças que nascem com microcefalia têm de ser acompanhadas regularmente. Vão necessitar de fisioterapia, terapia ocupacional. Muitas podem ter problemas de visão, cognitivos, epilepsia", explicou a neurologista infantil Adélia Henrique Souza, uma das primeiras a identificar o aumento do número de casos em Pernambuco. "Sempre atendi em consultórios um ou outro caso. Mas não em tamanha magnitude."
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No Rio Grande do Norte, até o início desta semana, haviam sido identificados 10 bebês nascidos com microcefalia. Há ainda outras 11 gestantes com bebês que já tiveram o diagnóstico da malformação.

"Das gestantes analisadas, 70% apresentaram relatos de manchas pelo corpo, coceiras durante os primeiros meses da gestação", disse o pesquisador Cleber Luz, da Fiocruz, que também investiga o aumento significativo do número de casos de nascimentos de bebês com o problema. "É preciso deixar claro que outras hipóteses têm de ser avaliadas. Estamos sendo muito cautelosos, mas não podemos descartar nenhuma hipótese."

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Com informações de Uol e Agência Estado

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