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Não reclame. Trabalhe! Artigo de Admilson Gomes

A frase que dá título a minha opinião de hoje parece ser unanimidade para diversos palestrantes país a fora.

Vocês já repararam como te oferecem cursos, treinamentos e palestras em tempos de crise? É claro que a renovação pessoal precisa e deve ser constante, afinal precisamos nos manter sempre atualizados para enfrentar um mercado cada dia mais competitivo. Realmente só reclamar não vai mudar a situação de sua empresa, mas não dá para aceitar todo tipo de situação sem resmungar, não é?

Mas atenção! Tudo no papel é muito prático, muito fácil e muito rentável, mas não conheço nenhum palestrante que seja dono de empresas, salvo as suas de palestras e consultorias. É muito fácil vender pão para quem tem fome. Em um ambiente comercial hostil no qual vivemos, palavras de apoio são tudo que as pessoas querem ouvir. Pouquíssimas pessoas são inteligentes o bastante para digerir uma bela crítica. Recebem as críticas mais como uma invasão pessoal do que como um apontamento de onde você possa melhorar.

Você vai assistir a uma palestra motivacional e volta recarregado, cheio de energia... Isso tudo dura até o próximo problema, quando você acorda do transe e percebe que na vida real os caminhos não são tão floridos como na imaginação dos palestrantes. Você percebe que as suas dificuldades são semelhantes às dificuldades da maioria de seus clientes, que são semelhantes às dos clientes deles, e assim por diante. Você vê que as pessoas não são tão honestas como antigamente. Você é roubado pelo governo, pelos clientes e por seus funcionários.

Quem nunca teve um imposto desviado pela corrupção, uma inadimplência de um cliente mal intencionado ou um funcionário safado, que atire a primeira pedra...

Tudo que nos é ensinado em sala de aula não prevê as intempéries do mercado e você abre uma empresa apenas com a esperança e a coragem de que tudo vai dar certo, e se desespera no primeiro obstáculo. Na escola, não te ensinam coisas básicas como calcular juros, saber tomar empréstimos de bancos sem que os mesmos tomem sua alma, saber financiar um carro sem ter que pagar por três para levar apenas um, renegociar um débito com fornecedor em caso de emergências e imprevistos, entender como funciona o câmbio e a bolsa de valores e compreender até onde isso interfere na sua vida, saber seu limite de endividamento pessoal para que você não caia em uma armadilha do tipo “minha casa, minha dívida”, etc...

Segundo dados do SEBRAE, 85% das empresas fecham as portas antes de completarem 5 anos de vida. Escuto isso há pelo menos 20 anos... Alegam quase sempre que a culpa é da falta de preparo do empreendedor, mas o que fazem para mudar esse cenário? Não se pode obrigar ninguém a buscar capacitação pessoal, mas podem-se criar normas para a abertura de empresas. Algumas horas de estudo não faria mal a ninguém, mas o governo na sua fome insaciável de impostos, não está nem aí para quem fecha ou quem continua seu martírio. Ao invés do processo de abertura de empresas se tornarem algo mais seletivo, lançam o MEI onde qualquer cidadão portador do CPF abre sua “empresa” com poucos cliques na internet.

E nem adianta nenhum socialista vir com mimimi dizendo que isso dá chance aos mais pobres que não me convencem. Os números estão aí para confirmar que com falta de informação não se vai muito longe. Não estou falando sobre o tamanho da empresa e sim sobre a falta de capacitação do empreendedor. Não importa se vão vender prédios ou pipocas. Matemática é uma ciência exata e o mercado não terá nenhuma misericórdia de você.

Existe saída para tudo isso?
Os palestrantes dizem que sim. “Devemos trabalhar mais e reclamar menos". Fácil ouvir isso de uma pessoa que não produz nenhum objeto físico para consumo ou quando produz qualquer material, o mesmo é só para uso didático de tudo que ele prega com suas palestras. Quero ver por a mão na massa. Chefiar uma equipe com 30, 50, 100 funcionários. Produzir algo que exija produtividade, custo baixo e preço de venda competitivo.

Eu mesmo poderia escrever aqui tudo o que eu mesmo gostaria de ouvir em momentos de crises, mas sei que na prática, pouca coisa funciona. Não quero aqui desqualificar o trabalho de nenhum palestrante ou consultor, mas que a realidade é bem mais dura do que as histórias que ouvimos, é fato. Estou apenas expondo as dificuldades reais de ser empreendedor nesse país.

Devemos lembrar que não trabalhamos sozinhos e por mais que se tenha preparo, sempre precisaremos de pessoas em nossas organizações e nenhuma delas vem com atestado de boa conduta ou comprovante de caráter. Leis absurdas são criadas diariamente para “beneficiar” funcionários, mas esquecem de que o excesso de benefícios torna ainda mais difícil a vida das empresas e muitas delas terminam por fechar suas portas justamente por não suportar tantos benefícios empurrados de goela abaixo pelos sindicatos. O bom senso precisa prevalecer sempre, mas sindicatos parecem desconhecer essa palavra.

O tipo mais comum de funcionário é aquele que se acha indispensável ou o que acha que sempre trabalha demais (e sozinho).

Se você se esforça demais e conquista sucesso, sempre terá um que dirá: "cresceu nas minhas costas" ou "se não fosse eu aqui, essa empresa não seria nada". Se a coisa dá certo, o mérito é dele e se algo dá errado a culpa é do empreendedor? Muitas vezes sim, mas e quando você é obrigado a contratar revisores para verificar trabalho de operadores, supervisores para verificarem trabalhos de revisores e gerentes para verificarem trabalhos de supervisores onde em muitas vezes o produto ainda não sai perfeito? A culpa é de quem? Alguma vez lhe foi ensinado como funcionam os sindicatos?

Funcionários não entregam o mínimo que lhes é pedido, mas querem o máximo das empresas. E os sindicatos estão ai para garantir a eles justamente isso. Tratam as empresas como fontes inesgotáveis de recursos e esquecem que por trás das organizações existem pais e mães de famílias que passam pelos mesmos problemas e necessidades que eles.

Consciência é artigo de luxo raro entre a classe trabalhadora. Infelizmente é assim que funciona e cada qual que se vire para manter suas contas em dia, mesmo sem vender coisa nenhuma em pleno período de pico. Seis meses do ano são trabalhados para pagar impostos. A empresa é obrigada a pagar 13º e as férias de 30 dias. Ainda tem as faltas de funcionários. O ano comercial só se inicia após o carnaval, portanto, a grosso modo, temos apenas 2 meses para lucro no ano... Na prática isso não acontece porque qualquer empresário que tenha o mínimo conhecimento em matemática saberá embutir todo esse custo no seu produto. Mas eu expus dessa forma para que entendam porque as coisas custam tão caro em nosso país.

Empresário é visto pela maioria como um Bom Vivam, um Playboy, o cara do dinheiro que vive a passear e achar graça da vida... Gostaria muito que eles tivessem razão... Devemos desistir? NUNCA! Empresário é antes de tudo um ser teimoso, resistente e sonhador. Não é fácil. E não é para ser fácil mesmo. Se fosse fácil não seria valorizado. Isso não significa que deve insistir sempre do mesmo modo. Mudar é preciso. Invente-se!

Crise passa e o legado de uma crise sempre será o aprendizado. Observe que até a queda de um avião serve para tornarem os próximos voos mais seguros. Dinheiro se ganha e se perde. CARÁTER SE CONSTRÓI E ISSO NINGUÉM TE TOMA. Nem governo, nem sindicato, nem político, nem cliente, nem funcionários, nem ninguém deverá ser capaz de tomar nosso caráter, pois o mesmo deve estar impregnado na nossa alma. Podemos até morrer na guerra, mas não podemos nos corromper jamais. Nunca poderemos nos preocupar em tirar vantagem do problema alheio, mesmo que isso custe a paralisação temporária ou até definitiva de sua empresa.

Reveja seus projetos, seus planos e trace o caminho que deseja seguir, mas jamais use de oportunismo para se aproveitar de alguém. Se você já fez isso, aguarde! A lei do retorno não se esquecerá de você.
A vida é uma moleza, igual rocha molhada.

Por Admilson Gomes

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