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Professor de Design de Moda da Fadire fala sobre sua recente visita a Paris e sobre o mercado da moda


Após sua recente visita à capital francesa, o designer Cléber Lima, o qual é professor do curso de Design de Moda da Faculdade de Desenvolvimento e Integração Regional - FADIRE, falou ao Blog Merece Destaque sobre sua experiência após visitar feiras de tecidos e empresas francesas que trabalham com a indústria sustentável.

"Minha ida a Paris foi uma viagem de imersão, porque pra gente que trabalha com design, com produto, geralmente as informações elas sempre têm meio que uma origem. Por mais que a moda seja um reflexo global, mas existem aquelas cidades onde a coisa se desenvolve de forma mais forte. Basicamente o objetivo dessa viagem foi perceber os novos movimentos de comportamento, os movimentos de consumo, meio que na fonte de onde tudo acontece. Eu sou gestor de um projeto de inovação do Senai e esta viagem foi uma proposta do projeto visando proporcionar um conhecimento de como a indústria de confecções e a indústria de moda funciona em outro país e principalmente em países que são referência no contexto geral da indústria em si. Foi bastante enriquecedor no sentido de perceber como eles enxergam o mercado. Nós vivemos uma realidade muito especial aqui no Polo do Agreste e, quer queira, quer não, as informações que a gente aplica nos produtos, independente do preço, elas vêm desses grandes centros, mas é diferente você estar dentro do circuito, lhe dá uma segurança muito maior, você se sente parte integrante desse processo de mudança, você não somente é um espectador, você sente que está dentro do contexto e passa a ter outra visão sobre o seu processo de trabalho, tendo a ideia de que o que nós fazemos não é mal feito, dá a ideia de que o que nós fazemos é uma versão adequada para o que nós temos de necessidade, porque tem muito isso de se dizer que o de fora é melhor, de que é mais bem feito, só que é um ponto meio controverso, porque eu acredito muito que o que a gente produz enquanto educação, enquanto produto, é uma resposta às demandas que existem ao nosso redor, então eu não posso, por exemplo, querer comparar Santa Cruz com Berlim, vai ser uma coisa ridícula, então serviu muito para isso também, para entender e valorizar as nossas particularidades, mesmo sendo uma coisa positiva ou negativa. Deu pra esclarecer muita coisa, porque às vezes quando você está muito dentro do mercado acaba cometendo o erro de entender que a coisa estagnou ou que não existem novas possibilidades, e essa viagem serviu muito pra isso, para renovar minhas percepções sobre o que pode ser feito e como a gente pode, através dos alunos, promover a mudança, isso é uma coisa que a gente já se preocupa, mas eu voltei com uma ideia muito diferente sobre a ação do profissional enquanto transformador da realidade ao redor dele", disse o professor Cléber.

Sobre a unificação da Moda por meio da globalização ele falou:

"É até engraçado isso, a globalização fez com que tudo ficasse meio que no mesmo nível, o que a gente tem hoje são versões diferentes da mesma coisa. Por mais que você diga que o Brasil é quente ou que o Brasil é colorido, mas tudo que a gente consome, em algum lugar do mundo aquilo também é consumido, então o segredo é entender as particularidades do seu cliente, por mais que você entenda que ele consome um produto global, tipo o mesmo desejo em vários lugares do mundo, mas o estio de vida e as necessidades dele vão ser diferentes, então é impossível dizer que não existe um tempero, eu sempre tenho que temperar o que está globalizado com a minha visão, com a visão mais aproximada de quem consome, por mais que seja global, temos que ter esse cuidado", pontuou.

Perguntado sobre os novos conhecimentos trazidos para repassar para os alunos, o designer acrescentou:

"Conhecimento e informação é algo compartilhado, eu não posso dizer, que o professor detém a novidade, isso é ilusão, mas eu voltei muito motivado no sentido de colocar eles [alunos] no contexto de transformadores. Eu percebi muito que o que falta no nosso mercado é acreditar mais naquilo que sabe fazer bem e buscar profissionalizar o que sabe fazer. Muita gente ainda tem a ideia de que tem que se profissionalizar nos mesmos perfis de quem trabalha em São Paulo para ter um nível bom, mas eu voltei com a ideia de que é o oposto, de que você tem que se profissionalizar e desenvolver seu conhecimento com base naquilo que você precisa, dentro do seu contexto, não existe um modelo ideal de conhecimento, cada um tem as suas particularidades e eu vou muito nesse sentido de observar mais o que a gente tem de demanda. Uma coisa que me surpreendeu em um dia que a gente visitou a Premiere Vision, que é uma feira de matéria prima e insumos para indústria de moda, no sentido de vestuário, assessórios, enfim, couro e calçado, foi o cuidado em criar uma cultura de inovação. Muitos dos fornecedores que estavam ali em um evento de lançamento, tudo que eles faziam tinha uma preocupação em ser novo, em ser diferente", concluiu.

Por Almir Neves

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