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JÓIAS DA NOSSA FAUNA - SERIEMA

Era 21/11/2015. O dia mal tinha amanhecido e eu já estava eufórico para usar minha câmera recém comprada. Arrastei meu filhote dorminhoco para irmos em busca de novos registros. Tomamos o rumo da Vila do Pará. Havia chovido quase todos os dias do decorrer da semana. O mato ensaiava soltar novos brotos e algumas das plantas que produzem sementes estavam parecendo restaurantes de pássaros. Era uma alegria que dava gosto de olhar. Esse dia para mim será inesquecível, pois foi um dos dia mais produtivos que tive, em termos de registro de novas espécies e melhora de registros de espécies já catalogadas por mim.

Além disso, um fato ficará marcado para sempre em mim e no meu filho. Talvez a cena jamais se repita diante de nós da forma como ocorreu. Talvez se repita, daqui a muitos anos ou logo em breve. Nunca saberemos ao certo como age a natureza e isso é que me fascina ao captar os momentos.

Seguíamos bem devagarinho no carro, com os ouvidos atentos e os olhos inquietos em busca de algumas espécies, quando ao meu lado escutei aquele canto inconfundível da seriema. Rapidamente voltei a vista para o lado que vinha o som e para minha surpresa, estavam duas (provavelmente um casal) cantando com toda a força do seu longo gogó. Era uma beleza. Uma sinfonia. Não é um momento fácil de se registrar um casal de seriemas cantando bem próximo. Me senti presenteado por Deus naquele momento mágico.

Elas estava muito tranquilas e aceitaram nossa presença por vários minutos à beira da estrada. Nem foi preciso descer do carro para fazer o registro. E eu abusei da generosidade oferecida... rsrsrs. Fotografei com zoom, sem zoom, de close, de corpo todo, de dupla, filmei... Fiz tudo que poderia fazer de registro.
Mal podia crer no que eu tinha acabado de presenciar. Ricardo ficou ao meu lado com um sorriso bobo na cara, admirado com o episódio.

Interrompi a gravação por conta da aproximação de um Toyota vindo dos lados da Vila. Fiz mais alguns registros e seguimos nosso caminho. As duas seriemas pararam de cantar imediatamente e aí foi que eu me senti mais privilegiado ainda, pois foi como se fosse um show exclusivo para uma platéia restrita.

De lá até os dias de hoje, tenho andado praticamente todos os fins de semana fazendo registros da natureza. Já avistei inúmeras outras seriemas e escutei diversos cantos, mas não consegui mais um flagra parecido e talvez nem consiga mais. A natureza é bela e exuberante, mas registrá-la é como uma caçada sem morte. Uma caçada de momentos. Momentos únicos, que não se repetem.

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