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Dicas da Pediatra: Obesidade


A obesidade é, na maioria dos casos, consequente a um desequilíbrio entre consumo (ingestão excessiva) e gasto (atividade física reduzida).

O desenvolvimento do tecido adiposo ("gordura") caracteriza-se por um aumento do número de células adiposas (gordurosas), chamado de hiperplasia desde os últimos 3 meses da gestação até os 2 anos de idade; nova fase de hiperplasia acontece no início da adolescência. Observa-se ainda um importante aumento no tamanho da célula adiposa (hipertrofia) durante o primeiro ano de vida. A obesidade na infância e adolescência é acompanhada de hiperplasia e hipertrofia da célula adiposa, (ou seja, elas aumentam em número e em tamanho) , enquanto na obesidade do adulto essas células aumentam apenas de tamanho (hipertrofia) . Essa característica faz diferença, pois o que se consegue no caso da obesidade na infância e adolescência, mesmo com um tratamento eficaz, é apenas a diminuição do tamanho das células adiposas, mas não do seu número.

A etiologia da obesidade envolve fatores genéticos e ambientais (sócio - econômico, nutricional e psicológico) . Da causalidade genética resulta um importante papel do pediatra, tal como a abordagem preventiva da obesidade quando lidando com pacientes filhos de pais obesos, pois estes apresentam maior risco de serem obesos: 55% de chance se um dos pais for obeso, 80% se ambos os pais e apenas 10% se ambos tiverem peso normal.

Fatores ambientais exercem um papel fundamental, modificando, inclusive, a predisposição genética. São alguns dos fatores ambientais causais:

a) hábitos alimentares inadequados (preferência por alimentos calóricos, falta de horários, local inapropriado para realizar a refeição, alimentação em conjunto com outras atividades como assistir TV, etc.);

b) dietas a base de farinhas, açúcar, óleos e carnes com muita gordura;

c) maior sedentarismo das crianças e adolescentes, com a TV, o videogame, o computador, tablet ou celular representando o principal lazer;

d)deficiência de locais adequados para a prática de atividades físicas;

e) problemas psicossociais, como por exemplo :

- infantilização e dependência exagerada do filho com a mãe
- pais com dificuldade em colocar limites para seus filhos, inclusive na esfera da alimentação 
- pais ansiosos que identificam qualquer choro como "choro de fome"
- ambientes em que o alimento é o substituto para afeto e carinho 
- ambientes em que o alimento é a única fonte de prazer e recompensa.

A criança obesa apresenta maior risco de vir a tornar- se um adulto obeso e, quanto mais velha for a criança, maior será esse risco. Não existem dúvidas sobre a íntima relação entre obesidade na infância e estabelecimento na vida adulta de doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares. Mas essas doenças não são exclusivas do adulto, pois já entre crianças e adolescentes obesos observam- se tais doenças com maior frequência. Assim, é importante conscientizar a família sobre as consequências e os riscos da obesidade; na infância ela ainda costuma ser vista como sinônimo de saúde e, muitas vezes, só tardiamente, quando os hábitos alimentares já foram adquiridos e quando a chance de vir a manter-se obeso na idade adulta é muito maior, é que vem a ser encarada como um problema. A preocupação com a obesidade também é de ordem psíquica, principalmente a partir da idade escolar, pois enquanto se é criança é uma "gracinha", uma "fofura", ser gorda . É ,predominantemente na adolescência ,que o obeso começa a apresentar graves problemas com sua imagem corpórea e sua auto-estima, dificuldades em ser aceito pelo grupo e recusas em envolver-se em esportes, tanto pelo baixo desempenho como pela dificuldade de expor seu corpo, fechando o ciclo vicioso: 

Obesidade / baixa auto- estima / isolamento / ansiedade / ingestão elevada de alimentos/ sedentarismo/ obesidade.

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