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A crise brasileira e a importância do povo

Clécio Gonçalves Dias
poeta, corretor de imóveis e advogado.
Por Clécio Dias

O governo federal articula grandes reformas legislativas que ameaçam comprometer muitos direitos conquistados ao longo de décadas.

A chamada greve geral do dia 28 de abril foi um recado da população às autoridades responsáveis pelas reformas (o atual Presidente da República e o Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal).

No entanto, a repercussão da greve, embora de grande relevância em nossa história, não teve a força esperada pela população e, no dia da parada geral, a mídia televisiva – ainda de muito peso nacional – noticiou sem brilho os eventos.

As legendas das notícias eram mais ou menos assim: “Greve interrompe o trânsito em São Paulo”; “Transportes coletivos param e cidades viram um caos”; “Manifestantes depredam prédios públicos e particulares”; “Vândalos queimam ônibus” etc.

Autoridades importantes como Ministros de Estado, Prefeitos, Deputados etc., favoráveis às reformas, alfinetaram os manifestantes e acusaram os movimentos de serem “obras” dos aliados de Lula e do PT.

A parcela da população que foi às ruas sentiu falta da imensa parcela que ficou em casa e a polícia conseguiu conter, com tranquilidade, os eventuais “excessos” dos movimentos. 

No entanto, a população que ficou em casa e não foi às ruas manteve a mesma postura de sempre, expressa na seguinte concepção: os outros vão resolver sobre os meus direitos e deveres. Realmente, nossa cultura política é “aleijada”.

Infelizmente, os que votam e elegem os governantes se portam como subservientes e submissos. Infelizmente, em muitos e muitos casos, desenvolvem um sentimento interior de bajulação aos políticos transformados em ídolos e a disseminação dessa bajulação tortura o coração das pessoas mais esclarecidas.

O povo brasileiro não participou ativamente da elaboração, votação e aprovação das leis a que são submetidos. Na verdade, a greve geral não tem a força da consciência crítica diária, da investigação dos candidatos, do voto limpo e firme. Refiro-me ao voto sem cabresto e não vendido e, muito mais, repudio o voto dado às celebridades políticas (que tem mais imagem do que conteúdo).

A título de exemplo, o próprio Michel Temer, hoje uma figura considerada muito impopular, estava embutido numa chapa majoritária vencedora nas eleições presidenciais de 2014. Hoje em dia, num país mergulhado em crise, ele passa a ser mais odiado pelas pessoas que o elegeram para o cargo que, já se sabia, é o primeiro a substituir o Presidente da República em caso de morte deste, afastamentos e outras hipóteses previstas em lei.

Ou seja, não houve uma análise cuidadosa de quem estava como Vice Presidente naquela chapa. Muitos votaram no calor dos acontecimentos. Assim também vota-se para deputado, senador, entre outros, infelizmente.

Um dia, quando a crise financeira, fruto de corrupção e de outras medidas erradas das autoridades, bate à porta, vemos como custa caro votar errado.

Quando nossa população compreender a força que tem e o verdadeiro valor do voto o país terá um quadro de representantes, não só em Brasília, mas nos demais entes federativos, à altura da grandeza desse povo pacífico, mas que precisa abrir os olhos quando chegarem às eleições.

Nossa população tem que mudar a postura política e isso já faz muito tempo. Não há mais dúvidas de que endeusar políticos, idolatrar pessoas, ser escravo de partidos e bajular os poderosos têm consequências drásticas que uma parada nacional ou até mais não vai reverter o quadro, pode até ajudar na demonstração de que parte da população é consciente, mas as mazelas desse país só serão exterminadas quando o povo for mais independente, consciente e responsável no momento do voto e durante os quatro anos, cobrando, fiscalizando e se posicionando como dono do poder e não como servos dos poderosos!

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