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Dicas da Pediatra: Violência Doméstica contra o Adolescente

Por Viviane Valença*

A sociedade enfatiza os maus tratos em crianças, mas a incidência de maus tratos em adolescentes é alta, chegando a 47% dos casos em pesquisas realizadas nos EUA. Adolescentes com frequência provocam a ira dos pais. É a chamada "malcriação". Eles podem precipitar a própria violência, podem sentir e expressar ambivalência em relação ao agressor, podem tomar atitudes drásticas para escapar da situação (exemplo: sair de casa). Resoluções de conflitos familiares não são fáceis. A violência doméstica contra a criança e o adolescente é um fenômeno ainda tratado com certo pudor: a família é considerada um santuário onde ninguém tem o direito de interferir e questionar as atitudes dos pais, pois há um mito que os envolve. É o mito que confere aos pais uma imagem de protetor e de guardião da criança. Inferindo a presença do afeto, toda atitude tomada pelos pais seria "justificada" pela sociedade.

A violência psicológica, expressa através de humilhações e depreciações constantes, também resulta em danos para o adolescente, mimando sua auto-estima e segurança. Como os fatores desencadeantes de situações de violência são muitos, não se pode reduzir o entendimento do fenômeno a um único aspecto. É essencial entender a família no contexto social, cultural, político e econômico em que ela está inserida.

A socialização para a violência (os pais apanharam quando crianças) , também aparece como causa da violência: o uso da força é o único meio aprendido de se educar uma criança. O castigo físico, usado como pedagogia do ensino familiar. Com a desculpa de disciplinar os filhos, não são raras as vezes em que os pais agridem violentamente estes filhos. A prática da violência contra criança/ adolescente não escolhe classe social. Mas as denúncias, geralmente, são efetuadas pela e para as classes menos favorecidas.

Observa - se também que nem sempre há um desejo das pessoas envolvidas de expressar suas dificuldades. Há, muitas vezes, a negação de que o adolescente esteja sofrendo maus tratos, seja por medo de evidenciar a problemática da família ou das penalidades impostas por lei.

A intervenção junto às famílias de adolescentes vitimizados é um desafio, à medida que é preciso entendê - la e não assumir uma postura onde os pressupostos e preconceitos tornem o processo de acompanhamento negativo. Manter uma relação na qual os familiares percebem que não são aceitos pelos profissionais, ou mesmo que são condenados pelos seus atos é reforçar a baixa auto - estima o que dificulta as mudanças e a superação da situação. O atendimento às famílias caracteriza - se também por um trabalho de prevenção secundária: em situações de risco colabora para impedir atos de violência ou sua repetição. A prevenção da violência e de sequelas em crianças e adolescentes vitimizados são desafios para toda a sociedade, principalmente para os profissionais de saúde.

(Fonte: Maria José Paro Forte - HC - FMUSP)

*Viviane Valença é Médica Pediatra e atende na Clínica Viviane Valença, localizada na Rua Dom Pedro I, Nº 64, Bairro Dona Dom, em Santa Cruz do Capibaribe - PE.
Telefone:(81) 3731-4430.

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