Artigo de Paiva
Netto
Oito de março é o
Dia Internacional da Mulher, que tem sido vítima, em pleno século 21, das
maiores atrocidades, entre elas o execrável estupro. Crime inafiançável. Uma
vergonha para a Humanidade.
No Preâmbulo da
Constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), aprovada em 16 de novembro de 1945, temos a descrição desta
realidade: “Se as guerras nascem na mente
dos homens, é na mente dos homens que devem ser construídos os baluartes da Paz”.
Em 2003, fiz questão de abrir meu livro Reflexões
da Alma com esse ensinamento. Ele realmente traça os nossos planos de
trabalho. Contudo, considero importante evidenciar que essa acurada advertência
diz respeito aos seres humanos em geral e não apenas ao gênero masculino. (...)
Há muito tenho afirmado que o
caminho da LBV é a Paz. Chega de guerras! A
brutalidade é a lei dos irracionais, não do ser humano, que se considera
superior. Defendemos a valorização da criatura humana, dentro da imprescindível
igualdade, antes de tudo espiritual, de gênero, porquanto a riqueza de um país
é o seu povo. (...)
Façamos nossas
estas palavras do Apóstolo Pedro,
constantes de sua Primeira Epístola, 3:11: “—
Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz e siga-a”.
Essa tão almejada
Paz, legítima, necessária, antídoto para os problemas espirituais, sociais e
físicos, a exemplo das crises globais, será alcançada quando também não
tivermos mais toda e qualquer discriminação contra as mulheres e as meninas (na
verdade, as crianças de ambos os sexos). Assim, garantiremos a elas o
empoderamento e a autonomia para serem protagonistas no desmantelamento da
crueldade absurda, que campeia o íntimo endurecido de indivíduos, com o
sentimento materno que nasce no coração de cada uma — independentemente se
forem mães de filhos carnais, pois brado, com todas as minhas forças, que todas
as mulheres são mães.
A necessária
proteção no lar
Em geral, as
primeiras a sofrer os danos lastimáveis das conflagrações planetárias são
justamente as mulheres e as meninas. Portanto, observamos o perigo iminente ainda rondando os
bons ideais de vê-las libertas e amparadas nos próprios lares.
A violência
contra elas é triste realidade, que se abate nas mais diversas regiões do
mundo, até mesmo nos países que já avançaram nas leis que as protegem. Ou seja,
não está circunscrita às áreas em conflito declarado. Há uma espécie de guerra
disfarçada, que espreita nossos lares, comunidades, empresas, municípios,
Estados, religiões... Onde houver a violência ali estará a horrenda face do
ódio!
Esse torpe
semblante foi conhecido pela valente enfermeira britânica nascida em Florença,
a então capital do Grão-Ducado da Toscana, atual Itália, Florence Nightingale (1820-1910). Ela lutou para quebrar as
retrógradas convenções no que se referia ao papel da mulher na sociedade de sua
época e acreditava ter sido chamada por Deus para servir a um grande propósito.
Com sua abnegação, levou consideráveis avanços ao campo da saúde, na era
vitoriana. Ao longo de sua inestimável contribuição no cuidado para com os
soldados ingleses durante a Guerra da Crimeia, a “dama da lâmpada” declarou,
com propriedade, em carta datada de 5 de maio de 1855: “(...) Ninguém pode imaginar o que são os horrores da guerra — não são
as feridas, e o sangue, e a febre, maculosa ou baixa, ou a disenteria, crônica
e aguda, o frio, e o calor, e a penúria —, mas a intoxicação, a brutalidade
embriagada, a desmoralização e a desordem por parte dos inferiores; a inveja, a
maldade, a indiferença, a brutalidade egoísta por parte dos superiores (...)”.
Embora diante de
um quadro tão severo, jamais nos esqueçamos desta máxima do célebre cientista,
médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro dr. Oswaldo Cruz (1872-1917): “Não esmorecer para não desmerecer”.
Igualmente,
ressalto em minhas palestras que, se é difícil, comecemos já, ontem!, porque
resta muito a ser feito. E não se pode conceber qualquer empreendimento que
vise à solução dos males terrestres sem a participação efetiva das mulheres.
(...)
Convivência
pacífica
A fraterna
saudação ensinada por Jesus aos Seus
Apóstolos e Discípulos estende-se ecumenicamente a todos os seres terrenos,
como valioso convite à convivência em paz no planeta, nossa morada coletiva: “E, em qualquer casa onde entrardes, dizei
primeiro: Paz seja nesta casa!”. Jesus (Lucas, 10:5)
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e
escritor.
paivanetto@lbv.org.br – www.boavontade.com
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