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Escritor define Cariri como paraíso ecológico

Pedro Nunes apresenta como receita para fugir da mesmice do horário eleitoral um reencontro com a natureza, no seu caso com as belezas naturais do Cariri.

Céu é isso!

Ouvi um popular dizer que não ia votar nem em Paulo Preto, nem na Erenice Guerra. Fiquei confuso, mas num estalo de tempo a ficha caiu e entendi o que ele queria dizer. Pensei comigo: “Eu, também!”

Cansei. Cansamos todos. Sem exagero, estamos mesmo exaustos. Nem a TV serve mais de refúgio. Ou o sujeito cai nas novelas ou no Paulo e na Erenice. Melhor desligar. Pegar um livro.

Inda bem que choveu forte no meu Cariri. Encheu tudo o que foi de açude. Vou para lá. É um paraíso. Mato verde, riacho gemendo, céus azuis, pássaros cantado, barulho do vento nas copas das baraúnas e outras tantas delícias. O que mais posso querer da vida escorrendo assim de mansinho sem a gente nem dá fé que as horas passam? Na verdade, elas não passam. A gente é que, se não cuidar, passa.  O bom mesmo é acordar cedinho, ouvindo o canto dos xexéus. Assim, o desfruto do dia fica ainda mais longo e prazeroso.

Vou tomar banho na sangria do açude do Mugiqui, vendo piabas atrevidas pularem por cima de mim e uma família de saguim ficar horrorizada com minha figura exótica deitado na cachoeira de águas barrentas que abarulham aquelas caatingas silenciosas.

As chuvas pegaram a gente de surpresa. Surpresa boa, é claro! Há tempo que não tinha surpresa alguma nestes paraibanos sertões. A não ser que você ache que a vitória de Ricardo Coutinho no primeiro turno foi surpresa. Não foi. Estava escrito no desiderato dos eleitores, ávidos por mudanças. As pesquisas é que falsearam. Algumas vezes, elas falseiam.

Eita, meu Deus, estou me desviando das chuvas. Perdoe-me algum leitor que também anda sacolejando o juízo com sofrida saudade do Sertão. Volto agorinha para o assunto principal.

Sim, vou entrar no riacho da Barra e descer na correnteza mundo afora. Quando chegar na Várzea de Baixo, eu me agarro nas ramas dos sais-de-ariús, aí largo a correnteza e as águas não me levam para o mar. Era assim que eu e Agenor de Chico Mendes fazíamos quando éramos dois bugrezinhos libertos de qualquer comando familiar.

Quero subir a serra da Matarina, ver lá embaixo a terra mijando água e a casa da fazenda chegando pertinho do açude. Bom, também. é gastar falação no alpendre da Fazenda Boa Vista, comer cuscuz e xerém feitos pelo negro André,  banhar o rosto nas águas de tanque da Barra e beber água de coco verde. Uma delícia!

Céu é isso e basta!

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