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O pediatra Carlos Queiroz fala sobre a profissão e também dá sua opinião sobre o programa Mais Médicos

O Dr. Carlos Queiroz em entrevista ao Blog nesta segunda-feira (02) fala sobre a profissão de médico, da vocação, dos cursos de medicina e que concorda com o Programa Federal Mais Médicos

Pediatra há mais de 30 anos o Dr. Carlos disse que tornou-se médico por acaso. "Eu era professor, ensinava em um colégio aqui em Santa Cruz chamado colégio Cenecista e circunstâncias da vida me fizeram ter a oportunidade de fazer vestibular de medicina, passei e depois me formei. Não foi uma coisa que eu vinha pensando não, não foi uma vocação. Eu ainda me vejo as vezes como professor e tenho muito orgulho de ter sido professor".

Perguntamos sobre o Saúde da Família e sobre o SUS, e ele respondeu: "Esse programa saúde da família foi criado em Cuba. Ele junta médico, uma enfermeira e um técnico de enfermagem. Em alguns núcleos tem dentista. Ele junta os profissionais de saúde para atingirem uma determinada área. Em Cuba existe o especialista em Saúde da Família. Aqui não, para exercer a função só basta ser médico. Quanto ao SUS a ideia é muito boa, más não se consegue colocar em prática, pois a gente vê muita coisa errada. Hospitais superlotados, fraudes e tantos outros problemas. Acredito que o SUS tem que ter melhor planejamento e melhor gerenciamento. Para que o dinheiro destinado a saúde chegue realmente ao seu destino e seja bem aplicado. Existem os Conselhos Municipais de Saúde, más a maioria dos cidadãos nem sabe que existe. Falta uma cobrança dos cidadãos para ver onde realmente o dinheiro está sendo aplicado. O cidadão não cobra e ele tem que fazer isso".

"O SUS paga por uma cesariana, que para mim é a rainha das cirurgias, pois é uma cirurgia muito complexa, em torno de 30 reais. Muita gente fala que médico ganha muito. Nós temos as mesmas necessidades das demais pessoas. Eu acho que médico ganha muito pouco, pois é a profissão que  só se ganha se trabalhar. Ele dá expediente e tem que trabalhar, diferentemente de muitas outra profissões".

Quando falamos sobre a vinda de médicos estrangeiros, ele disse: "Muitos médicos estão vindo de fora. Eles vem para trabalhar no sistema público de saúde. A questão dessa vinda dos médicos foi tomada de uma forma um tanto açodada por causa das manifestações que ocorreram nesses último dias. Antes dos protestos não se falava nisso. Não é por uma questão de salário que não tem médicos em muitas localidades. O médico para trabalhar precisa de estrutura.  Medicina não foi feita para tratar lombriga de ninguém, o médico está ali para dar um diagnóstico, analisar a história clínica do paciente, fazer o exame físico, ver se precisa ou não de laboratório. Enfim, dar um diagnóstico e instituir um tratamento. Não tem nenhuma condição, na maioria desses municípios do interior, de se fazer isso. O médico brasileiro sabe disso. Esse pessoal que está chegando de fora quando começar a trabalhar vai ver que não tem condição de se fazer medicina nesses lugares"

"Eu quero que o povo brasileiro tenha saúde em seu município. Seja com médico de Cuba, da Venezuela, de Portugal, daqui ou de qualquer lugar. O ponto fundamental é a falta de estrutura. Não dá para fazer medicina sem os equipamentos necessários. Para fazer diagnósticos tem que ter laboratório. Quando o médico ver as condições de trabalho que vão ser oferecidas ele vai voltar, pois o médico precisa de condições para exercer sua função", frisou Dr. Carlos.

"Eu sou a favor da vinda dos médicos estrangeiros, desde que ele faça a revalidação do diploma. Isso é uma lei. Não da maneira que estão fazendo. Essa emergência toda é só para calar aquele jovem que estava protestando nas ruas em junho"

Quanto a questão da saúde da população ele disse: "A população brasileira precisa mudar muitos hábitos. Ela está gorda, mais de 51% da população está acima do peso. As nossas crianças estão gordas. Porque as pessoas se alimentam mal. A saúde é uma coisa muito complexa. As orientações para que as pessoas caminhem, parem de fumar é obrigação dos órgão públicos. Precisamos fazer uma medicina mais de prevenção. O gastos públicos tem que ser feitos de forma correta. Tem que ser gasto para orientar o povo de como se alimentar. Cultivar hábitos saudáveis".

"É um dever do governo proporcionar ao cidadão a saúde e a educação. Dar a ele as informações necessárias para que possa ter uma vida saudável. Isso é um dever. Nós pagamos por isso. Quando eu compro aquele quilo de açúcar e pago meu imposto sobre ele e depois consumo e o açúcar vai me fazer mal, no tocante a minha saúde, eu quero que aquele imposto volte em forma de informação para que a gente saiba que aquele produto faz mal. Assim era para se feito. A questão é que a gente paga muito caro. O cidadão tem direito disso. De receber essa informação"

"No geral eu vejo que nossa situação está muito melhor do que no passado. Precisamos escolher melhor nossos representantes, pois se você não escolhe bem o maior prejudicado vai ser você. A saúde pública precisa de melhor planejamento e o que queremos é uma saúde de qualidade para todos", concluiu Dr. Carlos Queiroz.

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