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As diferenças entre PT, Lula e “Lulismo”


Por muito tempo, pensou-se que o PT fosse maior que o Lula e o Lula fosse maior que o “lulismo” (embora esse fenômeno (lulismo) seja pouco conhecido). Mas, na verdade, acontece o inverso: O “lulismo” é maior que o Lula e o Lula maior que o PT (Partido dos Trabalhadores).

O PT despontou como o movimento de esquerda mais forte! O Lula sempre foi seu principal símbolo! A primeira vez que o Lula foi candidato, em 1989, perdeu as eleições para Fernando Collor. Tempos depois, em 1994, perdeu para Fernando Henrique Cardoso (FHC) e, novamente, foi derrotado em 1998 pelo mesmo FHC.

A população brasileira não gostava (ou não gosta) de partidos de esquerda. A prova é tanta que em 2002, para vencer as eleições, o PT fez uma aliança com o PL (Partido Liberal) e “liberalismo” é aquilo que o PT mais odiava. Porém, o PT (tipicamente de esquerda) se “endireitou” (use o termo endireitar como “se tornar de direita” e não como “se tornar direito”). Houve muitas reações dos petistas mais “radicais”, eles não aceitavam essa tão “incompatível” aliança! Mas ninguém segurou e o PT nunca mais foi um partido de esquerda!

A verdade é que com os escândalos de corrupção, houve uma grande tentativa de derrubar o PT, mas as vitórias foram seguidas: 2002 (Lula), 2006 (Lula), 2010 (Dilma) e 2014 (Dilma). Ou seja, à caça ao PT não surtiu efeito. É certo que muitos políticos influentes do PT foram presos, mas nenhum entregou o Lula, num fenômeno que ficou conhecido como a “blindagem do Lula”.

Mercadante, Genoíno, Zé Dirceu etc. etc. tipicamente petistas não concordaram em envolver o Lula em qualquer delação, por mais premiada que fosse. O silêncio foi total, mas o sentido foi mais intrigante ainda. Sabia-se, pelo menos os petistas e seus aliados, que o Lula sobreviveria mesmo sem o PT, mas o PT não sobreviveria sem o Lula. E eles estavam certos. O PT foi desmoronando e se esfacelou há muito tempo. Não foi o PT que deu a vitória à Dilma, mas a popularidade do Lula é que levou a ex Chefe da Casa Civil à Presidência da República.

Somente aí se percebeu que o mais forte não era o PT, mas o Lula. Por isso, o foco mudou. A prova é tanta que “forçaram” o impeachment da Dilma e depois se esqueceram dela. Não se fala mais em Dilma, pouco se fala no PT. O alvo agora é o Lula.

As investigações fizeram o maior alarido. A PF foi buscá-lo, coercitivamente, em sua residência; há tempos, muito se fala na prisão do Lula; seu interrogatório foi notícia mundial, mas nas pesquisas, para 2018, o Lula sai vitorioso!

Primeiro, bateu-se no PT. Muitos de seus membros foram presos (o PT se esfacelou). Depois, bateram forte no Lula, mas sua popularidade, embora possa ter tido uma baixa, não o impediu de liderar as pesquisas. É que seus investigadores ferrenhos não identificaram, mas existe algo mais poderoso que o PT e o Lula juntos: seu nome é “lulismo”!

O “lulismo” é um fenômeno (não é um movimento) em que uma considerável parte da população identifica na figura de Lula o mais “excelente” Presidente do país. Apesar de ter sido sob seu governo e debaixo do seu nariz todos os esquemas milionários de corrupção e a despeito de todos saberem que o Lula, no mínimo, foi “complacente” com os desvios do dinheiro público e mesmo sabendo que o Lula não teria condições de governar o país na situação atual, uma boa parte da população (parcela capaz de eleger um presidente) defende a volta do Lula.

Não foi tão difícil derrubar o PT, um pouco mais difícil está sendo a derrubada do Lula, mas é pouco provável que se consiga derrubar o “lulismo”. Até porque não se sabe como atacá-lo nem sequer por onde começar.

Alguns atribuem o surgimento do “lulismo” à infinita gama de programas sociais, onde o governo federal “entrega” diretamente aos seus cidadãos, sobretudo aos mais pobres (imensa maioria da nossa população) brindes, através de dinheiro “vivo” e outros tantos programas como o “Minha Casa Minha Vida”, o Prouni etc.

Seja como for, o “lulismo” não é de fácil combate, porque consiste numa ideia “coletiva” de que não existirá outro Lula. Pode ser até compreensível, pois na história do nosso país, fomos administrados por verdadeiros “crápulas” que além de desviar o dinheiro público massacravam a população.

Conseguiram encontrar o PT e puni-lo, o Lula é identificado e poderá ser punido (só as investigações já configuram um sério desgaste político), mas o “lulismo” sobrevive, inclusive sua existência independe da existência do Lula.

Pensava-se que com a eliminação do PT, automaticamente se eliminava o Lula, mas isso foi um ledo engano! Há quem pense que a prisão e a cassação dos direitos políticos do Lula vão eliminar o “lulismo”, mas isso não passa de uma ingenuidade dos investigadores. 

O “lulismo” está no imaginário da população e, mesmo que o Lula não seja o candidato, o “lulismo” pode decidir as eleições! Isso porque o PT nada é sem o “Lula”, mas o “lulismo” ainda pesa muito, mesmo sem o Lula e o PT. Se os adversários ferrenhos do Lula conhecessem o “lulismo” não mandavam prender o Lula, pois a prisão do Lula pode desencadear, ainda mais, o fortalecimento do “lulismo” e isso é muito perigoso!

De qualquer forma, antes das eleições de 2018, muita coisa vai acontecer! Serão “pré selecionados” novos nomes para a sucessão presidencial, talvez até sem a participação do Lula, mas um fantasma vai assombrar os candidatos e poderá até definir o novo Presidente da República... esse fantasma não estava na pauta da Operação Lava Jato. Ela (Lava Jato) investigou o PT e o Lula, mas não foi detalhista nem visionária a ponto de investigar ou desarticular o “lulismo”.

Se soubessem como se manifesta o “fantasma do lulismo”, não seriam promotores nem juízes escalados para combatê-lo, mas sim uma espetacular ação de marketing milionária, não com algemas e denúncias, mas com cautela e estratégias!


Clécio Gonçalves Dias
Poeta, corretor de imóveis e advogado.

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