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O “jogo” de fingimento na política brasileira

Por Clécio Dias*

A denúncia contra o atual Presidente da República não foi aceita pela Câmara dos Deputados. Na época que tanto se prega a moralização do país, as manobras políticas permeiam o palco onde encenam os representantes do Poder Legislativo Federal.

As “facilidades” para aprovar Reformas que desfavorecem o povo acontecem com muita velocidade e o Congresso Nacional, desmoralizado, continua sendo o Poder mais forte! Forte porque a manutenção dos últimos presidentes da república teve e tem como base a “permissão” dos deputados e senadores!

O “Lula” e a “Dilma” que o digam. Para se manterem no Poder tiveram de fazer muitas alianças “temerosas” com deputados e senadores como a própria “junção” do Temer na chapa em 2010 e 2014! Enquanto estiveram de bem com o Congresso Nacional estiveram à frente do poder em meio a pompas e glórias. Assim que deixaram de “ajeitar” os parlamentares a Dilma foi cassada e o Temer foi elevado ao cargo maior!

A Constituição Federal traz na sequência dos “Três Poderes” o Poder Legislativo em primeiro lugar! Tal posição não é aleatória! O Legislativo é o Poder que elabora as leis e são as leis que regem tanto o Executivo como embasa as decisões do Judiciário, pelo menos “formalmente”!

Mas, a cada quatro anos, o povo não observa os votos dados aos candidatos ao Legislativo! Existe um jogo de fingimento e os votos são baseados em uma das mais marcantes características da massa: a “valorização do mundo das imagens”! O povo acredita que as grandes mudanças do país acontecem quando se muda o Presidente! Acreditam que o Vice Presidente, os Senadores e os Deputados são apenas ocupantes de cargos periféricos.

Na verdade, o Congresso Nacional, atualmente, embora “desmoralizado”, tem sido o Poder mais forte do país. Mais forte que o Executivo, pois o ocupante do cargo “maior” do país, só “sobrevive” quando tem o apoio dos deputados e senadores.

Parece até que é proposital: o poder mais “desmoralizado” é o que mais pesa! Com a disseminação da ideia de “poder fracassado” o Legislativo vai se “dando” às manobras do Executivo e, aos olhos da população, passa a imagem de poder fraco, sem poder.

No entanto, tudo não passa de um grande fingimento! O Poder Legislativo nos dias atuais é mais poderoso que a própria população, pois mesmo contra a vontade desta, todas as reformas contrárias ao povo estão sendo aprovadas!

O Congresso Nacional vai seguindo seus espetáculos “opacos” e vergonhosos! Daqui a poucos anos uma nova eleição vai recolocar quase todos os deputados e senadores atuais! O cargo de Presidente vai sendo ocupado pelos “heróis” ou “bandidos”. O jogo de fingimento vai-se desenvolvendo como sempre: o povo vota acreditando que é o dono do poder num fingimento “inacreditável”, mas nos momentos mais decisivos o “poder” nunca vai estar em suas mãos!

O voto, vendido como o maior instrumento de poder, é limitado a meia dúzia de candidatos e, o povo, ainda crente que é o dono do poder é, na verdade, apenas o degrau necessário para a chegada dos inimigos do povo ao poder. O “poder”, na verdade, nunca pertence ao povo, pois o povo não tem representantes e se acredita que tem é baseado num profundo fingimento!

O povo nunca é o dono do poder, mas apenas o instrumento necessário para seus maiores inimigos chegarem ao poder! Existe toda uma estrutura proposital nessa trama! O Congresso Nacional passa a imagem de poder “desmoralizado” e, portanto, não desperta a atenção das pessoas! Vira, muitas vezes, pura pirraça! O palhaço “Tiririca”, com piadas no guia eleitoral, tornou-se um dos deputados mais votados do Brasil...

O Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) passa a imagem de poder “desmoralizado” e as pessoas negligenciam a escolha de seus membros! No entanto, a própria “desmoralização” do poder elaborador das leis é o primeiro passo para o jogo de fingimento e a situação a que chegamos!

O Judiciário e o Executivo, pelo menos formalmente, aplicam as regras legais elaboradas e votadas pelo Legislativo e isso não se pode duvidar. Porém, o poder “essencial” (não superior aos outros, mas pelo menos mais embasador) lucra com sua própria desmoralização e, quando a população pensa que o Legislativo é o poder mais capacho não atenta que o Presidente da República, ou até o Vice Presidente que tomou seu lugar, tem que se “sujeitar” às exigências dos membros do Legislativo que, por se tornar “desmoralizado”, ganhou sua eleição em cima da “negligência” dos eleitores!

Por enquanto, o “desmoralizado” poder vai ditando as regras, pois o maior poder nunca saiu de suas mãos! A prova é que as reformas que “ferram” a população são aprovadas com rapidez e facilidade! O povo, tragicamente, vai percebendo como é triste e doloroso ficar de mãos atadas diante da força do “desmoralizado”, mas nunca saberá que a “desmoralização” do amaldiçoado poder é a principal armadilha para o voto se tornar a cada dia mais desmoralizado.

Finalmente, no fundo, no fundo, o maior “desmoralizado” não é poder que manda e lucra com isso, mas o povo que vota, obedece e perde, a cada dia, seus direitos! Por isso, a “desmoralização” do Poder Legislativo é o rosto da nossa própria “desmoralização” refletindo no espelho!

*Clécio Dias - Poeta, Corretor de Imóveis e Advogado.

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