Planta de dessalinização: Ciclovivo.com.br. |
Dessalinização: refere-se a vários processos químicos da retirada de excesso de sal e outros minerais da água, muito utilizada em regiões onde a água doce é escassa ou de difícil acesso, como no Oriente Médio, na Austrália e no Caribe, em navios transatlânticos e submarinos. A água doce obtida é utilizada para consumo humano ou irrigação. Algumas vezes o processo produz sal de cozinha como subproduto ou água com alta concentração de sais muitas vezes lançada diretamente no ambiente sem qualquer tratamento.
O principal problema das tecnologias de dessalinização é conseguir diminuir o custo final da água doce, para que esta possa estar disponível em quantidades suficientes até nas regiões onde é escassa. A dessalinização em grande escala, tipicamente, consome grande quantidade de energia e depende de plantas de produção caras e específicas, ou seja, a água salobra em Santa Cruz do Capibaribe - PE exige um projeto específico, a água em Patos - PB exige outra configuração de planta específica, já a água do mar requer ainda mais investimento devido o alto teor de sais. Portanto, é sempre mais cara, em relação a água doce de rios ou captada da chuva.
Há vários métodos conhecidos para se fazer a conversão, mas apenas dois deles representam 88% da dessalinização global: a osmose inversa e a destilação multiestágios.
Osmose inversa: Quando a pressão sobre a solução aumenta fazendo com que haja a separação da água e do sal.
Dessalinização térmica: Quando a água salgada é evaporada artificialmente e depois condensada. Esse processo separa a água e o sal, pois este não é carregado no processo de evaporação. Isto ocorre na natureza, pois sempre que a água do mar evapora, os sais permanecem e a água das nuvens não é salgada.
Congelamento: Outro processo envolve o congelamento da água, pois somente a água pode ser congelada (os sais não congelam junto). O processo é basicamente a extração de sais minerais da água através do congelamento. São repetidos inúmeras vezes tal processo para que se consiga água destilada. O processo pode ser feito em grande escala, mas é muito caro, portanto é testado e melhorado apenas em laboratórios, para assim ser barateado. O que se pode fazer é descongelar a água das calotas polares, mas esta não é ainda uma boa solução, pois há o alto custo do descongelamento a se levar em conta.
Destilação Multi estágios: Utiliza-se vapor a alta temperatura para fazer a água do mar entrar em ebulição. São multiestágios pois a água passa por diversas células de ebulição-condensação, garantindo um elevado grau de pureza. Neste processo, a própria água do mar é usada como condensador da água que é evaporada.
Destilação por forno solar: o forno solar tem como função concentrar os raios solares numa zona especifica, graças a um espelho parabólico. Dessa forma, o recipiente que contém a água a destilar pode chegar a temperaturas maiores que normalmente.
Água purificada a esquerda e salobra a direita: O oarquivo.com |
Sabendo que cerca de 75% da água consumida a nível mundial é pela agricultura, seria de fato a melhor alternativa para eliminar o problema da seca no Nordeste? Há estudos que indicam o consumo de 1,5 kilowatt hora para produção de mil litros de água com baixo teor de sais, suponho que seria necessário dedicar uma usina hidroelétrica apenas para suprir a demanda de grandes plantas de dessalinização, ou funcionariam apenas quando os reservatórios estivessem em pré-colapso afim de evitar o desabastecimento dos centros urbanos. E o restante da população? Seria viável irrigar com água dessalinizada? Como o cidadão semi analfabeto que detém apenas conhecimentos básicos para suas culturas sazonais poderiam administrar o recurso, se é que triam acesso. Enfim, dessalinizar água para atender os centros urbanos deixando de lado o meio rural, é uma afirmativa convincente para uma região que respira o agronegócio como principal motor propulsor de desenvolvimento econômico? O projeto PISF custa em torno de 800 milhões por ano, um valor alto para um efeito limitado, imagine se optássemos por trazer água do mar com destino ao interior, galgando desníveis de quase mil metros acima do nível do mar, quão oneroso seria.
Entendo que a dessalinização pode ser usada em locais estratégicos, onde o abastecimento regular é momentaneamente inviável devido a distância, ao mesmo tempo que sendo construídas nos rincões nordestinos essas plantas dependerão da água salobra disponível no subsolo, que para manter em nível seguro requer uma certa regularidade na precipitação da quadra chuvosa, algo que não dispomos, então fica a dúvida da rela eficácia dessa opção, de certo pode contribuir para minimizar os efeitos de estiagens prolongadas , porém não garante a total eliminação do problema.
Artigo escrito por Márcio Silva Costa no Portal do Projeto: Águas do Rio Amazonas para o Nordeste.
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