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Como estamos vivendo em um mundo virtual


A conversa que começamos ontem foi interrompida. Na verdade, foi desviada, porque minha atenção ou a sua, do nada, mudou de rumo...

Nos últimos tempos, deixamos conversas pela metade, perguntas sem resposta, respostas incompletas...

Enquanto assistíamos àquele vídeo, uma notificação apareceu em sua tela e você foi verificar quem era...

Enquanto lia a mensagem, chegou outra imagem e você foi verificá-la; depois, um áudio, era algo muito banal e você nem ouviu todo...

O dia inteiro, as notificações chegam aos milhares, estamos distraídos, não conseguimos festejar uma notícia boa por mais de um minuto, pois outra notícia toma seu lugar e nosso sentimento é substituído, nem dá tempo de senti-lo...

Ontem recebemos vinte pedidos de amizade, aceitamos, mas já nem lembramos deles, se algum deu "boa noite" se perdeu no lixo das mensagens que não tivemos tempo de ver...

Hoje, uns quinze amigos fizeram aniversário, copiamos e colamos na página de cada um deles um "feliz aniversário", mas nem sabemos a idade ou quando os conhecemos...

O dia todo nosso "foco" é roubado, pois nos programamos para uma coisa e somos levados à outra...

Nossos sentimentos são interrompidos a cada nova notícia: o riso da piada engraçada é cortado pela notícia da morte de alguém ou pela banalidade de alguém que tira uma foto comendo um pedaço de peixe...

O riso, a comoção e a banalidade não chegam a ser três sentimentos ao mesmo tempo, mas representam um "não sentimento", pois tudo foi tão rápido que nem deu tempo de sentir...

Tudo tem ficado tão frágil, tão passageiro, temos que correr tanto para ver o máximo de coisas e não contemplar nenhuma...




Como disse o sociólogo polonês Bauman, estamos ficando "líquidos", apenas aparentando ser o que não somos e fingindo sentir o que não sentimos, envolvidos na ilusão e na fantasia das redes sociais!!!




Clécio Dias!

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