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Uso indiscriminado de ivermectina pode ser causa do surto de sarna em Pernambuco, diz estudo

Artigo do Instituto de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) aponta que medicamento pode ter causado superresistência a um ácaro causador da sarna humana.


A Ivermectina é um antiparasitário que foi incluído no “Kit Covid” sem comprovação científica da sua eficácia contra o vírus. O uso indiscriminado desse medicamento pode ter sido o motivo do surto da escabiose, mais conhecida como sarna humana, que se alastra na Região Metropolitana do Recife (RMR) e teve registro de caso em um bebê de dois meses, no litoral de São Paulo.

Mesmo comprovadamente ineficaz, alguns profissionais continuam prescrevendo a substância. Enquanto outras pessoas tomavam por conta própria, seguindo recomendações de alguns planos de saúde e dos integrantes do "gabinete paralelo", que teria sido formado para aconselhar o presidente Jair Bolsonaro.

“Falar que a Ivermectina tem eficácia contra o vírus da COVID-19 em seres humanos é um argumento que vai contra a ciência. A ivermectina, assim como a cloroquina, possuem um mecanismo que em laboratório, nos tubos de ensaio, deveria inibir a proliferação do vírus, mas não importa que o mecanismo é plausível, não importa que funcione em tubos de ensaio, o que importa é que foi testado em humanos e comprovado sua ineficácia no combate à COVI-19. Argumentar por mecanismos e não por resultados é anticientífico” ressalta o urologista José Carlos Souto.

Assim como o médico, outros estudos e profissionais destacam a ineficácia do antiparasitário e que seu uso em excesso pode trazer consequências devastadoras. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), publicado no dia 15 de agosto deste ano, evidenciou que o abuso desse remédio pode ter desenvolvido a superresistência do Sacorptes scabiei, ácaro responsável pela doença.

Espalhados em Olinda, Jaboatão, São Lourenço, Camaragibe, Paulista e Recife, os pacientes se queixam de uma coceira intensa que evolui para feridas e escoriações na pele. Esses ferimentos podem ser penetrados por bactérias e desencadear infecções secundárias, podendo ser leves, moderadas ou muito graves.

E não é somente no Nordeste que os casos estão tomando proporções preocupantes, no litoral de São Paulo também está tendo vários relatos da escabiose, dos quais um bebê de 2 meses chegou a ser internado devido à gravidade da contaminação.

A dermatologista Soraya Neves, cooperada da Unimed-BH, salienta que comprovado ou não a relação entre os surtos e o uso indiscriminado da ivermectina, a doença pode causar aumento da mortalidade em crianças – devido às infecções secundárias – além dos riscos à saúde da população em geral.

Além do aumento da dosagem e uso repetitivo da Ivermectina, condições climáticas e socioeconômicas também podem ter contribuído para a evolução do parasita. Por se tratar de uma condição extremamente contagiosa, é essencial ficar atento aos hábitos de higiene, as pessoas que moram no mesmo domicílio ou as pessoas com quem se convive.

“Não adianta nada tratar só o doente em si e não tratar a comunidade em que se vive, ou as pessoas com quem se convive. Também não adianta fazer o tratamento, tomar remédios, usar pomadas, e não mudar os hábitos de higiene”, explica a médica.

Para prevenir a escabiose, é necessário lavar as roupas, passá-las, tomar banho diariamente, trocar e higienizar as roupas de cama. Já para tratá-la, existem dois tipos de tratamento: o tópico, que consiste em administrar o medicamento diretamente sobre a lesão cutânea, e o tratamento via oral. Vale lembrar que um não exclui o outro, tudo vai depender do estado de avanço da infecção.

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