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Bezerra nasceu com duas cabeças em propriedade rural no interior do ES


Uma bezerra parida por uma das vacas de um produtor rural na localidade de Santa Rita do Pipinuque, zona rural de Nova Venécia (ES) nasceu com duas cabeças na madrugada da última terça-feira, 14 de dezembro.

"Na véspera, a vaca saiu do rebanho. No outro dia, vi ela sozinha. [Quando eu vi a bezerra] a sensação foi estranha, pensei que era gêmea. Vi uma e depois outra [cabeça], por causa do capim alto. Pensei que estava uma em cima da outra, mas quando fui ver estava um corpo com duas cabeças, coisa meio estranha. Nunca tinha visto", disse o proprietário da vaca em entrevista ao UOL.


O jovem conta que as duas cabeças do animal eram autônomas: apresentavam movimento, produziam som, tinham olhos abertos etc. A bezerra foi levada para o curral da propriedade. Eles retiraram leite da vaca para dar ao animal recém-nascido, nas duas bocas, usando mamadeiras. Sem forças, a bezerra berrava, mas não conseguia levantar.

"A mãe ficava perto, dava carinho e cheirava. Depois, passou de meio-dia e fomos vendo que ela [a bezerra] não ia aguentar muito. Era uma raridade estar viva, mais ainda de sobreviver [por mais tempo]. Fui no curral prender o gado e fui desgotar a vaca para dar de mamar", conta o produtor rural. Pouco depois, ao voltar para conferir a bezerra, por volta das 18h, ele percebeu que ela tinha morrido.

"É raro. Ainda mais ela ainda sobreviver mais ou menos umas 15 horas. Isso é muito raro", complementa. Ele afirma que a fecundação da sua vaca ocorreu normalmente, sem inseminação. Também não foi preciso ajudá-la e, apesar da perda precoce da cria, ela está bem agora.

O fenômeno

Nascimentos de filhotes com duas cabeças são considerados raros. Essa alteração pode se chamar diprosopia ou dicefalia e é normalmente associada a um gene recessivo, conforme explica Marcelo Barbosa Bezerra, professor da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-árido).

"É um fenômeno raro que pode ter uma origem genética ou uma interação genética com o ambiente, principalmente nos primeiros momentos da formação do feto. A tendência é que ele se partisse [gerando] gêmeos, mas, por algum motivo, essa partição não ocorreu", explica ao UOL o professor doutor em reprodução animal.

"Então, ele vai se desenvolvendo com o mesmo corpo e vai gerando duas cabeças, porque a formação tecidual para essa cabeça já havia se iniciado", acrescenta Bezerra.

Sem chances de viver

Assim como esta bezerra, animais que nascem nesta condição não costumam sobreviver. "Normalmente, o animal vem a óbito. É muito raro [sobreviver]. Particularmente, acho que vi só um caso, em literatura, de animal que sobreviveu um pouco mais", confessa Marcelo Bezerra.

Familiares e conhecidos do produtor rural, que quase sempre viveram em seus sítios, também nunca presenciaram algo do tipo. "Meu avô de idade, uma senhora vizinha, eles nunca tinham visto. Na nossa propriedade já criamos gêmeos, casal, dois machos, duas fêmeas, sadios. Mas agarrado, com duas cabeças em um corpo só, é a primeira vez", revela.

Apesar das poucas horas de vida, ele já tinha criado certo laço com o animal. "O veterinário falou que já era para ter morrido, que não sobrevivia. Mas é seu, você sempre tem a esperança. Tinha hora que trazia alegria, mas, na mesma hora, sofrimento. [...] A mãe não largou ela. Quando morreu nós sentimos um pouco, mas foi menos sofrimento do que ela ia passar", finaliza.

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