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Psicóloga explica a importância da decisão da ANS que amplia a cobertura de planos para tratamento de autismo e de outros transtornos

A medida que começou a vigorar na última sexta-feira (01/07), torna obrigatória a cobertura pelo plano de saúde de qualquer método indicado pelo médico.


Cada vez mais, o número de pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista tem aumentado, atingindo de 1% a 2% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas convivem com essa condição e, apesar de o autismo ser amplamente discutido, ainda são diversos os preconceitos enfrentados pelas pessoas com o transtorno em várias esferas da sociedade. As famílias, na maioria dos casos, também encontram dificuldade de acesso aos tratamentos via planos de saúde.As famílias também sofrem negligência das operadoras de saúde que, na maioria das vezes, dificultam o acesso aos tratamentos para o autismo. Por isso, cada nova conquista é celebrada, como a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que ampliou as regras de cobertura dos planos de saúde para tratamentos do autismo e de outros transtornos.

A decisão tomada pelo órgão que regula as empresas de saúde começou a valer a partir do dia 1º de julho, tornando obrigatória a cobertura para qualquer método ou técnica indicada pelo médico para o tratamento do paciente que tenha algum transtorno global do desenvolvimento. “Com esta nova medida, os médicos foram possibilitados de prescrever o tratamento mais adequado de acordo com a atual situação do paciente. Além disso, a não limitação da quantidade de sessões nas diferentes áreas do tratamento é um avanço, tendo em vista que somente durante o processo de tratamento é possível perceber a necessidade de ampliação das sessões, de acordo com as evoluções ou regressos do paciente", aponta a psicóloga Frínea Andrade, do Instituto Integrarte.

O tratamento para o autismo é feito de forma multidisciplinar e envolve diversos profissionais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e professores. Na psicoterapia, a abordagem que se tornou mais conhecida e indicada pelos especialistas é a ciência ABA. Conhecida como Análise do Comportamento Aplicada, do inglês, Applied Behavior Analysis, a ciência aborda de forma individualizada o desenvolvimento das habilidades sociais, comunicacionais, acadêmicas, cognitivas e motoras, necessárias para que a pessoa com autismo possa adquirir independência, sendo, portanto, muito importante para uma melhor qualidade de vida.

“As crianças diagnosticadas com autismo eram vistas como incapazes de aprender. A partir das intervenções da ABA foi observado que a pessoa com autismo é capaz de desenvolver suas habilidades, se for estimulada para isso. Cada vez mais, o método se torna popular no tratamento do TEA porque os pais conseguem perceber claramente as mudanças de comportamento dos seus filhos. As estratégias utilizadas no tratamento baseado em evidências científicas diminuem a frequência e intensidade dos comportamentos disruptivos, como as agressões e atitudes autolesivas” explica a psicóloga, que também é mãe de uma pessoa com autismo.

Diante da vigoração da normativa que reconhece a importância da cobertura dos diferentes métodos e tratamentos para os usuários de plano de saúde diagnosticados com algum transtorno global do desenvolvimento, o clima é de celebração. “As operadoras de saúde devem cumprir a função social de ofertar serviço de qualidade para os pacientes. Isso só foi possível devido à união da comunidade, manifestação e divulgação do conhecimento, mas ainda há muito a ser feito”, enfatiza Frínea Andrade.

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