Por Cláudia Lopes*
A vacinação infantil é uma das medidas mais eficazes para proteger as crianças contra diversas doenças infecciosas graves. Ao garantir que recebam todas as vacinas recomendadas, os pais desempenham um papel fundamental na prevenção de doenças e na promoção do bem-estar de seus filhos.
Ao longo das décadas, a imunização tem sido um dos maiores avanços da medicina, erradicando doenças como a poliomielite e reduzindo significativamente a incidência de outras, como sarampo, difteria e tétano. Além disso, as vacinas protegem não apenas as crianças imunizadas, mas também contribuem para a criação de uma imunidade coletiva, reduzindo o risco de surtos e protegendo os grupos mais vulneráveis da sociedade.
Infelizmente, mundialmente estamos acompanhando uma queda contínua nas vacinações infantis dos últimos 30 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas. O Brasil está entre os dez países no mundo com a maior quantidade de crianças sem a vacinação em dia.
De acordo com especialistas em imunologia, epidemiologia e saúde, um dos principais motivos é a percepção enganosa de parte da população de que não é preciso vacinar porque as doenças desapareceram. No Brasil, por exemplo, 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP, que previne contra difteria, tétano e coqueluche, entre 2019 e 2021. Globalmente, 48 milhões não receberam nenhuma dose da DTP no mesmo período - é o que revela o relatório “Situação Mundial da Infância 2023: Para cada Criança, Vacinação”, lançado pela UNICEF em de abril deste ano.
O relatório faz um alerta para a urgência de retomar as coberturas vacinais no mundo, pois a redução da cobertura vacinal infantil representa um sério risco para a saúde pública. Doenças que estavam controladas ou quase erradicadas podem ressurgir, colocando em perigo a vida das crianças e aumentando a carga dos sistemas de saúde. Além disso, a falta de imunização adequada pode tornar as crianças mais vulneráveis a surtos de doenças infecciosas, comprometendo seriamente a sua saúde.
Diante desse desafio, é fundamental que governos, organizações de saúde e a sociedade em geral se mobilizem para reverter essa tendência preocupante. Iniciativas de conscientização devem ser implementadas para informar os pais sobre a importância das vacinas e dissipar mitos e desinformações que possam levar à queda nas taxas de vacinação infantil.
É essencial investir em campanhas educacionais, utilizando canais de comunicação acessíveis, para promover a confiança e destacar os benefícios comprovados das vacinas infantis. As autoridades de saúde devem reforçar a importância de seguir o calendário. E para os pais, deixo aqui um apelo especial: se é por falta de tempo, aproveitem as férias escolares e coloquem em dia a carteira de vacinação de suas crianças. Vacinem seus filhos!
*Cláudia Lopes é pediatra, infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
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