Ortopedista Filipe Belfort, especialista em joelho do SEOT, explica as causas, diagnóstico e tratamento deste problema.
A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) – ou estiramento – é uma das lesões mais comuns no joelho. O problema foi a causa da lesão do atacante Neymar, no jogo da Seleção Brasileira contra o Uruguai, no dia 17 de outubro, pelas Eliminatórias da Copa 2026. O craque torceu o joelho esquerdo e precisou ser substituído. O jogador deve ficar afastado dos gramados por um longo período.
Atletas que praticam esportes de alta demanda física, como o futebol, têm mais chances de sofrer esse tipo de lesão, como explica o médico ortopedista Filipe Belfort, especialista em joelho, que atende no SEOT (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia), em Caruaru, Agreste de Pernambuco. “É mais comum acontecer a ruptura total ou quase total do ligamento e cerca da metade das lesões do LCA estão associadas a danos à cartilagem articular, aos meniscos ou a outros ligamentos. O médico vai avaliar a gravidade do ferimento e o nível de atividade do paciente para ponderar a decisão”, afirma o ortopedista.
O especialista explica que no estiramento de grau 1, o ligamento é levemente danificado, sendo possível manter a articulação do joelho estável. No de grau 2, o estiramento ocorre até o ponto de se soltar, com a ruptura parcial do ligamento. Já no grau 3, há a ruptura total e o ligamento fica separado em dois pedaços, deixando a articulação do joelho instável.
Entre as principais causas deste tipo de lesão estão a mudança rápida de direção, a parada brusca do movimento, a redução da velocidade durante uma corrida, o apoio dos pés incorretamente depois de um salto e o contato direto ou colisão no futebol. “Tudo depende do condicionamento físico, força muscular e controle neuromuscular de cada um. Também existem as diferenças no alinhamento da pelve com a perna, por exemplo”, destaca.
Belfort diz que quando a ruptura acontece é possível ouvir um estalido e sentir o joelho se deslocando. Geralmente vêm acompanhados de dor e inchaço. “A dor pode até passar, mas, com a retomada das atividades, percebe-se uma instabilidade no joelho, podendo gerar novos danos à cartilagem de amortecimento (menisco), amplitude de movimento reduzida, sensibilidade ao longo da linha da articulação e desconforto ao caminhar”, pontua o médico.
A maioria das lesões podem ser diagnosticadas através de exame físico. Exames de imagem, a exemplo de radiografia, que mostra se a lesão está associada a algum tipo de fratura, e ressonância magnética, que normalmente é necessária, podem ajudar na confirmação.
Em relação ao tratamento, este varia de acordo com a situação de cada paciente. No caso de atletas envolvidos em esportes de agilidade e que precisam voltar à prática esportiva, há a indicação de procedimento cirúrgico. Já pessoas idosas e menos ativas podem conseguir retomar o estilo de vida anterior sem a intervenção. “O especialista pode recomendar opções de tratamento não cirúrgico simples se a estabilidade do joelho estiver preservada. O uso de órteses, para proteger o joelho da instabilidade, ou de muletas, para evitar que o peso do corpo se apoie no joelho machucado, também são indicados”, relata o ortopedista.
A reabilitação é fundamental para a retomada das atividades de rotina. A fisioterapia é essencial à recuperação da força e movimentos do joelho. Nos casos de cirurgia, a fisioterapia é inicialmente concentrada na recuperação dos movimentos da articulação e dos músculos ao redor. Depois, o programa é focado no fortalecimento, com o objetivo de proteger o novo ligamento. Já o fortalecimento aumenta aos poucos o esforço. Por fim, há o retorno funcionalidade, determinado conforme o esporte do atleta, que pode passar seis meses ou mais para retomar à prática esportiva.
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