Alimentação sem glúten e sem caseína no TEA: é realmente necessário excluir alimentos fontes? Quais as dificuldades? Como superá-las?


Estamos chegando ao fim do abril azul que é o mês voltado para a conscientização sobre o autismo. Gostaria de esclarecer questões muito pertinentes sobre a alimentação de crianças com TEA. É necessário excluir glúten e caseína da alimentação dessas crianças? Alguns pesquisadores defendem que excluir glúten e caseína da alimentação poderá resultar em melhoras significativas no comportamento cognitivo de crianças com TEA, pois, devido à possíveis deficiências enzimáticas, haveria uma degradação incompleta da caseína e do glúten levando a um excesso de peptídeos opioides no intestino e com a alteração da permeabilidade intestinal podem ultrapassar a barreira hematoencefálica e causar danos no sistema nervoso central.

Entretanto, não há evidência científica que realmente seja necessário excluir glúten e caseína da alimentação de todos os indivíduos com transtorno do espectro autista. É necessária uma avaliação individualizada, considerando todas as particularidades da criança.

Mas se for preciso retirar, como fica a alimentação?

Algumas dificuldades podem ser encontradas por quem vai seguir essas restrições alimentares, pois, alimentos industrializados sem glúten costumam ter maior custo financeiro, assim como algumas bebidas de origem vegetal que tem a finalidade de substituir o leite de vaca, também apresentam custo mais elevado. Uma alternativa para redução de custos é fazer preparações como pães, bolos e panquecas utilizando outras farinhas que não contenham glúten além de preparar em casa o leite vegetal. Em relação a isso, seria necessária uma melhor organização da rotina e dispor de tempo para realizar essas preparações.

Ainda podemos encontrar dificuldades sensoriais devido a possíveis diferenças de texturas e sabor de alguns alimentos que podem ser difíceis de agradar ao paladar infantil no início da mudança alimentar.

Apesar dessas dificuldades, é preciso ter em mente que é possível seguir um cardápio isento de glúten e caseína. Quando a criança não tem doença celíaca nem alergia ao glúten ou alergia a proteína do leite de vaca, essa transição pode ser feita gradualmente, testando a aceitação de novos alimentos.

A seguir alguns alimentos que podem fazer parte desse novo contexto alimentar e suas respectivas texturas:

Textura crocante e salgada: Chips de batata doce, biscoitos de arroz, pipoca de milho, biscoitos de polvilho, cracker sem glúten.

Textura firme e sabor leve: carne de frango desfiada, espaguete de arroz, batata assada, pão sem glúten, arroz cozido, cuscuz.

Textura líquida e sabor suave: suco natural de frutas, leite de coco, leite de arroz, caldo de legumes caseiro, vitamina de frutas com leite de amêndoas.

Textura cremosa e salgados: Guacamole, purê de batatas, patê de frango, purê de abóbora com azeite.

Textura fofa e sabor doce: Panqueca de banana, bolo de cenoura (sem glúten), muffin de maçã e canela, bolo de maçã (sem glúten),

Textura firme e sabor salgado: peito de frango grelhado (em tiras), peixe assado (ex. Tilápia), carne de boi cozida ou desfiada, tapioca recheada (com frango ou queijo vegano), mini almôndegas de carne moída, ovo cozido.

Textura macia e sabor doce: banana madura, mousse de abacate com cacau, peras cozidas.

Textura fibrosa e sabor leve: pepino em fatias finas, alface, maçã fatiada, talo de brócolis cozido, cenoura crua em palitos, frutas como morango pêssegos (descascados e picados).

Procure orientação de um nutricionista da área para avaliar a necessidade de retirada e conduzir o tratamento dietoterápico.

Débora Tavares: Nutricionista Clínica
Insta: tav.debora.nutri