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Saudade das boas!

Escrito por nosso leitor Zenna Rocha
Saudade, um termo ou sentimento que está muito em voga nos dias atuais, haja vista a quantidade de objetos e artigos vintage/retro que estão de volta. São LP, discos de vinil, móveis antigos usados para decorar, músicos atuais que buscam inspiração em ritmos e canções do passado, roupas, e tantas outras coisas que estão de volta, seja por saudosismo, moda, ou por necessidade mesmo, como no caso da bicicleta, que está voltando como opção e necessidade para uma melhor qualidade de vida nas cidades que já não suportam tantos transportes motorizados.

Mas o que queria destacar mesmo, já que estamos falando de saudades, é do rádio, ou melhor da programação/veiculação das rádios em tempos atrás: tempos em que rádio FM e AM tinham suas distinções, FM era sinônimo de música e som de qualidade, de locutores com voz aveludada, poucos comerciais. As rádios de frequência AM eram rádios com programação marcante, programas e locutores emblemáticos. Lembro-me que quando criança e adolescente, existiam programas como Postal Sonoro, Aquarela nordestina, Clube do Rei... onde só tocavam músicas de Roberto Carlos. Na adolescência lembro dos ditos programas policiais, mas que não eram como os de hoje, onde se faz espetáculo e banaliza-se a questão violência.

Sabemos que vivemos em uma democracia consolidada se não quisermos ver ou ouvir tais programas seja na TV ou rádio basta um simples click no controle remoto. Mesmo assim, se você como eu não tiver o hábito de ver ou escutar determinados programas, principalmente os ditos programas políticos, (ou seria programas pra políticos?) com a diversidade de meios de informação existentes hoje é fácil ficar por dentro de seus conteúdos que são amplamente divulgados nas redes sociais e outros meios. A questão é: para que serve esses programas "políticos"? Qual a finalidade?

Discutir as demandas da cidade, seus problemas e resoluções, suas conquistas, discutir a cidade como um todo, as questões econômicas, culturais e sociais envolvendo todos os atores que compõem a cidade, inclusive a classe politica, não seria esse o proposito? Ou esses programas são para os políticos? Há momentos que dá a entender que sim. Debates, discussões acaloradas que, muitas vezes, só serve para massagear egos, valorizar factoides, fazer meras especulações e marketing pessoal de vereadores, prefeitos, deputados, ou mesmo de postulantes a se tornarem políticos.

Até que ponto esses programas beneficiam, enriquecem a cultura politica da população e do ouvinte? Ou só serve para corroborar ainda mais com a alienação, desinformação sobre políticas públicas e no caso aqui de nossa cidade Santa Cruz do Capibaribe acirrar ainda mais essa paixão politica/partidária que existe e corrói a cidade?

Será que a máxima do filosofo francês vai servir também para a imprensa: "cada povo tem o governo que merece" no caso, cada povo tem a imprensa que merece!? Eu particularmente prefiro indagar de outra forma. É assim porque o povo quer, ou o povo quer porque é assim?

Saudosismos à parte acho que estou ficando velho falando tanto em saudades, mas nesses dias me pego tendo saudades, das boas....como diz o poeta: "Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia. Uma mudança muito estranha, mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria no meu jeito de me dar".

Zenna Rocha
Cidadão santacruzense‏

Foto: Almir Neves / Arquivo

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