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Mulher de Santa Cruz do Capibaribe que teve filha com microcefalia conta sua história


Angelica Pereira, 20 anos, é mãe da Luiza Beatriz, de 2 meses, e mora em Pernambuco - Estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia. Aqui, ela conta como foi receber o diagnóstico de que a filha nasceu com a malformação cerebral:

"No início de 2015, descobri que estava grávida e, apesar de não ter sido planejado, recebi muito bem a notícia porque eu sempre tive o sonho de ser mãe. Eu levava uma vida saudável, procurava me cuidar e tudo corria bem na gestação. Mas com 18 semanas comecei a sentir fortes dores e observei que estava com manchas no corpo, tinha febre, meus olhos ardiam, minha cabeça latejava e eu também fiquei com uma coceira muito incômoda, que eu nunca imaginei que pudesse ter algum dia.

Procurei o médico e recebi o diagnóstico: eu estava com zika – para quem não sabe, o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que também é responsável pela dengue. Eu nunca imaginei que essa doença pudesse afetar e causar qualquer tipo de má-formação na minha filha, até mesmo porque os profissionais de saúde não me falaram nada. Apesar do desconforto, segui em frente. Com sete meses, fiz um examde de ultrassom e o obstetra falou que a cabeça do bebê era pequena como a minha, mas que isso era normal. Fiquei tranquila e continuei esperando ansiosamente a chegada da Luiza.

Finalmente esse dia chegou: ela nasceu no dia 6 de outubro de 2015. Tudo correu bem no parto e eu fiquei muito emocionada com o nascimento da minha querida filha! Depois de um tempo, ainda no quarto do hospital, vieram me falar que ela tinha microcefalia e eu não tinha ideia do que isso significava. Comecei a pesquisar na internet e marquei uma consulta com um neurologista, que confirmou a análise dos médicos. Confesso que fiquei triste, pois o meu maior medo era vê-la sofrer, mas eu sabia que tinha que ser forte para buscar informações e ajudá-la. Muitas dúvidas e inseguranças passaram pela minha cabeça, mas naquele momento eu tive a certeza de que nada, absolutamente nada, seria capaz de mudar o amor que eu sinto pela minha pequena.

Graças a Deus, eu sempre pude contar com o apoio do meu marido e da nossa família. Luiza é cercada por muito amor e é o xodó de todos! Como não tive nenhum problema na gestação, os médicos concluíram que a microcefalia foi causada pelo zika vírus, que eu peguei quando estava aproximadamente no quarto mês de gravidez. Eu ainda não fiz todos os exames necessários para confirmar essa relação porque é tudo muito difícil. Para vocês terem uma ideia, nem ajuda do governo eu tenho recebido. Moro em Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, mas tive a minha filha em Campina Grande, na Paraíba - ela foi o segundo caso de bebê que nasceu com microcefalia causada pelo zika vírus na cidade.

Hoje, minha pequena tem dois meses e é normal. Ela se alimenta bem, às vezes se engasga quando dorme, mas eu estou sempre por perto. Não a deixo sozinha de jeito nenhum. O meu maior sonho é vê-la falar, andar, brincar, correr, se desenvolver e ser uma criança saudável - embora alguns médicos digam que ela pode ficar sem falar ou andar. Eu já sofri muito preconceito de pessoas que falaram que ela era toda aleijada, que tinha um buraco na cabeça, mas sei que esses comentários são maldosos e nem vale a pena discutir.

Juntas, nós já enfrentamos muitas dificuldades, mas a minha filha me ensinou que os problemas não são nada diante de tanto amor! Com ela, aprendi muitas coisas, entre elas que a vida vale muito e, também, o verdadeiro significado da palavra 'amor'. E sei que não é só isso, pois a Luiza continuará me ensinando muitas coisas importantes! O recado que eu tenho para dar às mães que têm filhos com microcefalia – seja causada pelo zika vírus ou não – é que elas amem bastante e deem muito carinho para seus pequenos, porque eles precisam muito disso! Lembrem-se sempre: Deus só dá a cruz para quem pode carregá-la. Mães de filhos especiais também são especiais!"

Por Luiza Massa para o M de Mulher

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