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Temer: um presidente “sem” povo

Clécio Gonçalves Dias
Poeta, corretor de imóveis e advogado!
O Brasil inteiro aguarda com ansiedade a renúncia do Temer! Na verdade, a figura “Temer” entra para a história como o mais controvertido Presidente do país.

A história do Temer não tinha características para ser evidente. No início da carreira política, não era um “político bom de votos”. Seus cargos eram sob nomeação (secretário de segurança pública e procurador geral do Estado de São Paulo). As duas primeiras vezes que foi candidato a deputado ficou na suplência.

Passa então o Temer a assumir posição importante. Teve fortes laços com o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Dessa “união”, torna-se Presidente da Câmara dos Deputados. Tempos depois, ventila-se a possibilidade de o mesmo Temer ocupar a chapa na Vice Presidência da República. E assim se fez. Em 2010 e 2014 o Temer passa a ocupar (em ambas as eleições vitoriosas) o importantíssimo, mas tão “ignorado”, cargo de Vice de Presidente.

Digo importantíssimo porque na história recente desta nação dois vices assumiram. Em meados dos anos 80, com a morte de Tancredo Neves assumiu José Sarney e no início dos anos 90 com o impeachment do Collor assumiu Itamar Franco. Digo ignorado porque o brasileiro negligencia sua escolha, e pode até ter esquecido ou “não se importado” com a importância do cargo, mas se sabia da sua grandeza e de sua “grande” possibilidade de assumir o “cargo maior” da nação.

O Temer, portanto, foi dando seus passos na escalada presidencial. A princípio, Presidente da Câmara dos Deputados, como “elo” PSDB/PMBD. Isso mesmo. Era “amigo” do FHC. Não demorou e, da água para o vinho, passou a ser o Vice na chapa da Dilma. Se não era o topo como conseguira no Pode Legislativo, muito se aproximava, faltando apenas alguns detalhes para alcançar o topo do Poder Executivo.

Passa ele então a ser uma figura “sisuda”, mas tão estratégica. Sua colocação como vice foi discreta. A prova é tanta que a maior parte da população que votou na chapa da Dilma não assume o voto no Temer. Existe uma separação do “pacote” que foi vendido e comprado lacrado, mas “ninguém” se deu conta de que havia outra figura desconfiada, mas muito estratégica – um infiltrado do PMDB com uma força perigosa e potencial.

Hoje, para os petistas, o Temer é considerado o “micróbio” indesejável. O elo da união PT/PMDB foi, agora há pouco, de novo o elo, mas dessa vez da união PMDB/PSDB, mas não só deste último, e sim de toda uma gama de “empresários” tão ocultos e muito acima de todos.

Não há que se negar a posição do Temer no atual sistema como um “mal” desejável. A Dilma ou o Lula talvez não o digerissem, mas engoliram “atravessado” o “Vice Presidente Temer” e só agora se opõem ao “Presidente Temer”.

A iminência da sua “renúncia” não tem opositores, pois o Temer “não tem povo”! Ora, se os que votaram na chapa que ele fazia parte “não votaram” nele imagine os que votaram em outras chapas nas quais ele não estava como Vice?

Ele é esse “vazio” tão cheio de significados. De Presidente da Câmara dos Deputados a Vice Presidente cheio de pompas da segunda parte da administração do PT; de inimigo posterior do PSDB a parceiro novamente. Eleito sem “votos”, representante “sem povo”. Diplomado sem “legitimidade”. Vice Presidente constitucional que, nesse caso específico, não podia assumir o cargo maior. Mas o Temer tem algo grandioso, algo que pode significar a resposta para nossas desilusões...

Temer é a “representação” mais dinâmica da nossa realidade. Foi membro de uma chapa porque a Dilma o aceitou. Foi eleito como Vice porque o povo votou. Fez parceria com o PSDB porque o PSDB o convidou ou aceitou seu projeto!

Temer é o retrato da nossa “covardia”, ou seja, da nossa fuga das nossas responsabilidades! Aonde formos buscar a origem da figura Temer existe a participação do povo! Quando conseguiu ser Presidente da Câmara o foi com apoio maciço de FHC; já a Vice Presidência da República, foi em razão da união PT/PMDB, os petistas empolgados o apoiaram fingindo que o ignoravam? Então, o momento que vivemos é uma sutil “descoberta”!

Temer é a maior “descoberta” de que nós fomos “negligentes”, “covardes”, “burros” etc. etc. Agora queremos negar que elegemos o Temer; culpamos os grandes políticos por terem colocado o mesmo Temer nos altos cargos; satanizamos o PSDB e outros partidos porque fizeram com ele parcerias... mas não temos a hombridade de dizer que nós é que elegemos o FHC, o Lula... e nós é que elegemos o Temer – nós é que demos força ao tripé do poder “político” brasileiro: PSDB/PT/PMDB.

Buscamos, revoltadamente, ocupar a posição de vítimas! “Vítimas” que votam e não têm direitos! Mas essa postura não nos faz bem. É o momento de cada brasileiro reconhecer seus “erros” e, a partir daí, traçar as metas para uma melhor qualidade do voto! Não podemos mais assumir a postura “imprudente” de votar num político e depois dizer que não votou. Não só o Vice Presidente, mas o vereador, o prefeito, o governador, o deputado! Podemos nos arrepender de ter votado, mas negar que votou é o maior “arranjo” para a existência de um país em que seus representantes assumem “contra” a vontade da maioria, mas recebendo seus votos – é que muitos pensam que o voto não “seria” a vontade do povo (e tem razão). Contradição? E das maiores!

No Brasil, não existe representante “sem povo”. O que existe é povo “sem” representante! Mas entenda: muitos representantes, inclusive o Temer, são a verdadeira “fotografia” do seu povo, numa representação mais imagética do que de conteúdo (representação predileta da massa de eleitores)!

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