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Mobilização de mil PMs para segurança de Bolsonaro durante passeata de moto teria custado R$ 485 mil

Jair Bolsonaro no passeio de moto no Rio (Foto: Alan Santos/PR).

O ato começou no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, onde centenas de apoiadores partiram, de moto, com o presidente – e assim como a maioria estava sem máscara -, em direção ao Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Foram 33,5 km percorridos pela cidade, cruzando bairros das zonas Oeste e Sul. Para conseguir garantir a “manutenção da ordem", conforme informou à PM, foram mobilizados 20 batalhões.

Doutor em Economia e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Daniel Cerqueira, estima que o ato custou R$ 485 mil aos cofres do governo do Rio de Janeiro apenas calculando os salários dos policiais militares - considerando que a ação envolveu 6 horas, metade das 12 horas diárias da escala de plantão dos agentes.

"Não me lembro de uma segurança de presidente com mil policiais. Isso é um verdadeiro absurdo. Fora o aparato que foi visto na rua, a operação envolveu ainda horas policiais para planejamento e consumo de combustível das viaturas e dos helicópteros. Podem argumentar que isso também é feito para inaugurações, mas, nesse caso, pelo menos a inauguração é a justificativa para o uso do recurso público. Fora que o Rio de Janeiro ainda está em meio ao Regime de Recuperação Fiscal", disse Daniel Cerqueira.

A PM não informou o custo com o efetivo, assim como a quantidade de viaturas envolvidas e helicópteros mobilizados pelo Estado. A prefeitura também precisou reforçar o número de Guardas Municipais e agentes do Cor (Centro de Operações do Rio) e da Cet-Rio, que atuaram no desvio do trânsito, mas também não informou o efetivo acionado. A Polícia Rodoviária Federal empenhou 60 agentes. A CNN também fez contato com o Comando Militar do Leste para apurar quantos militares do Exército participaram do esquema de segurança e não obteve resposta. No Monumento dos Pracinhas, onde Bolsonaro discursou no final da motociata, foi montado um forte esquema de segurança pelo Exército. O local é uma Organização Militar do Exército.

Pesquisador do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o sociólogo Daniel Hirata entende que o ato não deveria ter sido realizado, e que mobilizar tamanha força de segurança foi “obviamente, um ato de desperdício de dinheiro público do Rio de Janeiro.”

O professor do departamento de Segurança Pública da UFF e doutor em Antropologia, Lenin Pires, ressaltou que o valor desperdiçado com os gastos de salários dos policiais militares envolvidos na ação seria suficiente para comprar 28 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca por parte do governo do estado.

"E esse desrespeito vem acompanhado de um gasto absolutamente desnecessário, considerando crise sanitária que vivemos”, avaliou.

Em nota, o governo do Rio afirma que "o governador Cláudio Castro recepcionou o presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Parque Olímpico, mas não acompanhou o ato".

Segundo o governo fluminense, "a mobilização de policiais militares e de viaturas para garantir a segurança da população em eventos, manifestações e atos como o deste domingo é protocolar. Importante destacar ainda que a fiscalização de eventos durante a pandemia da Covid-19 é de competência das vigilâncias sanitárias municipais, que podem solicitar o apoio das Forças de Segurança do Estado".

Como foi o esquema de segurança

Enquanto policiais do Bepe (Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios) reforçavam a segurança nos locais de concentração e dispersão da manifestação, policiais do RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidão) acompanhavam a evolução do ato. Atiradores e elite estavam posicionados no alto de prédios em pontos do percurso por onde passaram o presidente Bolsonaro e os motociclistas e agentes dos batalhões de Botafogo, Copacabana e Leblon reforçaram o policiamento da zona sul até o centro da cidade.

PMs das unidades de Polícia Pacificadora da Rocinha e do Vidigal ficaram concentrados nas comunidades até o término do evento, tendo em vista a utilização da Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell (antiga Lagoa-Barra) e a Avenida Niemeyer como trajeto do comboio presidencial. Ao mesmo tempo agentes da unidade de Operação Praia e do Batalhão de Vias Expressas (BPVE) reforçavam a segurança nas Linha Amarela, Avenida Brasil, Linha Vermelha e Transolímpica e policiais do BPTur (Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas) , no Aeroporto Internacional Tom Jobim – presidente chegou pela base aérea do aeroporto.

Com informações da CNN Brasil.

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