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Rio Capibaribe, um gigante que morre e mora ao nosso lado


Quem dera o tempo voltasse e da janela dos fundos de uma casa da avenida Padre Zuzinha fosse possível avistá-lo vivo...

Ah, se por descuido, víssemos a meninada pulando da Pedra da Bicuda e fôssemos capazes de sentir o cheiro da vida, da vida do rio...

O rio que deu nome à cidade recebeu como recompensa o lixo, o esgoto e o desprezo...

Ele margeia Santa Cruz, de cima a baixo, do Rio Verde à Volta do Serrote e caminha mundo afora...

A cidade mais viva do que nunca, o comércio monstruoso, mas nosso Velho Rio segue morto...

Os urubus sobrevoam. O rio que cheirava à vida, hoje é um campo de pouso de urubus, o mau cheiro cheira à morte...

Suas águas azuis do passado foram convertidas na cor esquisita das redes de esgoto ou no vermelho das feridas das agressões...

Em Toritama, ele fica da cor da morte...

Sua recuperação já não é mais promessa de político, nunca foi e agora nem se fala mais, nenhum projeto é pensado, ele foi esquecido, para sempre...

O Rio Capibaribe morreu, mas nunca teve um velório, nunca ficamos de luto e nem jogamos flores, nunca choramos por ele e só lembramos porque seu cadáver gigante, em decomposição, está deitado ao nosso lado, todos os dias...

Deveríamos pelo menos sentir vergonha...

Texto de Clécio Dias!

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