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Desabafo após protesto em Recife é destaque no primeiro prêmio do ativismo brasileiro


O melhor do ativismo brasileiro em 2021 poderá ser visto na noite de ontem na entrega do Prêmio Megafone – o primeiro prêmio para o ativismo brasileiro. Ao todo, foram 14 categorias que destacaram e homenagearam a ação daqueles que não pararam de defender os direitos dos brasileiros, mesmo no ano mais crítico da pandemia da Covid19. Duas delas resultaram do voto direto dos jurados: o Megafone do Ano, para o padre Júlio Lancelotti, e o Prêmio do Júri, para o MST. Cada um dos vencedores recebe um troféu feito pelo artivista Mundano, um dos idealizadores do prêmio, utilizando cinzas da floresta. A divulgação dos finalistas foi feita pelo YouTube, com apresentação de Lívia La Gatto.

“As ações finalistas trouxeram um retrato da situação dramática que nosso país viveu em 2021, quando sofremos ataques a direitos básicos garantidos na Constituição, como o próprio direito à vida”, destaca Mundano. “Para defender suas vidas, essas pessoas enfrentaram o risco à vida apresentado pela pandemia para ir às ruas e lutar por seus direitos. São essas lutas, diversas e entrelaçadas, que as iniciativas vencedoras mostram”, completa Jonaya de Castro, uma das idealizadoras da premiação.

A iniciativa vencedora na categoria Cidadão Indignado foi Yane Mendes e seu discurso sobre democracia e direitos civis após protesto pedindo o impeachment do presidente Bolsonaro na cidade de Recife, em outubro de 2021 - evento marcado pela violência de opositores e da polícia. Na categoria Reportagem de Mídia Independente, sagrou-se vencedora a Série Antirracista do Rio On Watch. Equidade racial também é o tema da vencedora na categoria Jovem Ativista Beatriz Lacerda Costa Grajaú.

Em um ano em que a saúde pública dominou os debates públicos – a ponto de Vacina ser eleita a palavra de 2021 – a pandemia foi o tema de várias iniciativas vencedoras. O descaso do poder público está explícito nas valas do cemitério de Manaus - vencedor na categoria Foto. A demora na compra de vacinas, por sua vez, foi o tema do grande hit das redes sociais em 2021: Pifãizerrr, de Esse Menino, foi o ganhador da categoria Meme. A importância do investimento em ciência no Brasil, por sua vez, levou o remix de Bum Bum Tam Tam, de MC Fioti, ao topo da categoria Música ou Vídeoclipe.

Na categoria Arte de Rua, a iniciativa vencedora foi a polêmica vaca magra, de Márcia Pinheiro. A peça, colocada em frente ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, era uma referência irônica ao famoso touro de Wall Street e, ao mesmo tempo, uma denúncia dos efeitos sociais deletérios causados pela especulação financeira. A força da grana que destrói coisas belas também está na raiz do Documentário vencedor: a websérie Tapajós: uma breve história da transformação de um rio, mostra como um modelo político-econômico predador e concentrador de renda está sufocando a cultura e os modos tradicionais de vida ao longo de um dos rios mais importantes do Pará.

Entre os mais ameaçados, estão os indígenas – vencedores na categoria Manifestações de Rua, com o Acampamento pela Vida, contra o Marco Temporal e o PL 490, Ação Direta, com o protesto em Porto Velho (RO) contra a falta de respostas na investigação sobre a morte do guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, e na categoria Perfil de Rede Social, na qual Daldeia leva o prêmio. A questão socioambiental também está presente no eleito na categoria Cartaz, vencida pelo jovem Kenai e sua peça, escrita sobre uma folha de verdade.

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