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Escrivão da polícia é acusado de comércio ilegal de arma de fogo em clube de tiro de Caruaru

Reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, na noite de domingo (19), mostra que Diego ficou milionário com o esquema.

Diego de Almeida Soares ficou milionário durante o governo Bolsonaro - Reprodução.

O escrivão licenciado da Polícia Civil de Pernambuco Diego de Almeida Soares, dono do maior clube de tiros do Brasil, que fica em Caruaru, no Agreste Central do Estado, é acusado de fraudar documentos para vender armas e conseguir porte ilegal para a maioria dos seus 8 mil associados.

Reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, na noite de domingo (19), mostra que Diego ficou milionário com o esquema. Em 2018, ele tinha R$ 390 mil em bens e contas bancárias. Em 2021, esse total saltou para R$ 60 milhões.

Diego ficou preso durante quatro meses após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Essa operação investigava o clube e uma loja de armas vinculada ao próprio escrivão.

O grupo estaria ministrando cursos, prestando serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo. Esses serviços eram feitos por pessoas sem licença para atuarem como Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CAC). Os suspeitos produziam documentos ideologicamente falsos, em nome de armeiros que de fato eram credenciados de forma legal.

"Foi identificada a existência de organização criminosa dedicada à produção de documentos ideologicamente falsos e o uso desses documentos para viabilizar e dar aparência de legalidade tanto ao comércio, quanto ao porte ilegais de armas de fogo", informou a PF, em comunicado, em outubro de 2022, época da deflagração da operação, batizada de "Zona Cinza".

Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que o escrivão "encontra-se em gozo de licença para trato de interesse particular, concedida pelo período de quatro anos, desde dezembro de 2019" - ou seja, válida até dezembro de 2023.

"Em tempo, informa ainda, que a Corregedoria Geral da SDS finalizou a investigação preliminar, que colheu informações sobre autoria e materialidade estando o servidor respondendo a um processo administrativo disciplinar", completa a SDS.

O advogado de defesa Ricardo do Rego Barros disse que o clube fazia um papel de intermédio entre os CACs e os órgãos oficiais. Ele também afirmou que que embora Diego falasse sobre usar armas para defesa pessoal, algo que não é permitido aos CACs, o clube de tiro não se propunha a essa atividade.

"Não é a empresa que emitia todos os documentos. Qualquer pessoa que quisesse fazer ia no site da Polícia Federal, emitia a guia, preenchia os dados e fazia. E essa documentação, quando chegava ao clube, o clube enviava. Quer dizer, praticamente a empresa ficava fazendo o intermédio, enviava, e isso era posteriormente verificado pela Polícia Federal e também pelo Exército", disse.

Pacote completo

No clube, Diego oferecia pacote completo aos seus associados, com assistência jurídica, armas e treinamento. A reportagem do Fantástico mostrou que durante os quatro anos do governo Bolsonaro, um clube de tiro foi aberto no Brasil, o que facilitou o acesso a licenças para CACs.

De acordo com o Fantástico, o principal armeiro da loja de armas de Diego era Luís Guilherme da Silva Vieira, que não tem autorização da PF para exercer a profissão. As investigações descobriram que, nos documentos expedidos pelo clube, o esquema usava dados de outro armeiro.

"As pessoas, apesar de obterem documentos em que se registravam como atiradores desportivos, por exemplo, jamais quiseram, tiveram a intenção de exercer essa atividade. O que eles pretendiam, na verdade, era obter uma arma de fogo para finalidade diversa, ou seja, havia um desvio de finalidade, porque o objetivo desses clientes era obter arma de fogo para defesa pessoal", disse o delegado da PF Max Ribeiro.

"O que nós podemos afirmar é que, em grande medida, eu diria na maioria, a maciça maioria é de informações ideologicamente falsas, utilizadas tanto para o cadastro, obtenção do certificado de registro, quanto também para aquisição de armas de fogo", completou o delegado.

Fonte: Folha de Pernambuco.

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