Escrito por Zenna Rocha
Foto: Valdir Oliveira
Foto: Valdir Oliveira
Motos, muitas motos hoje em dia observamos nas ruas. Em dez anos mais
que triplicou o aumento do uso de motocicletas, principalmente em cidades de
médio porte como Santa Cruz do Capibaribe onde não existe transporte público
coletivo. Alguns dados nada animadores sobre o uso excessivo de motocicletas.
- De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Tráfico, a cada
óbito provocado por acidente de moto, cinco pacientes são internados em estado
grave em um hospital de alta complexidade.
- Já segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um
paciente vítima de acidente de moto custa, em média, R$ 152 mil aos cofres
públicos, só na rede hospitalar. Já o custo social de cada um desses pacientes
é de, em média, R$ 952 mil aos cofres públicos, o que envolve atendimento
pré-hospitalar, hospital, licença, aposentadoria, entre outros.
- No Hospital da Restauração (HR), de 2000 a 2013 foram atendidos
milhares de pacientes vítimas de acidentes de moto. A idade medida dos
pacientes era de 14 a 45 anos. 6% desses pacientes ficaram paraplégicos e 5%
foram amputados. Os acidentes com transporte terrestre já representam 25,7% dos
óbitos por causas externas. Considerada uma epidemia moderna, os acidentes de
moto são maioria entre eles, registrando 30,6% dos casos. Entre os danos
causados aos pacientes que sobrevivem, destacam-se as sequelas motoras,
psicológicas e mutilações. Os motociclistas respondem por 46,66% dos condutores
do Estado (753.029 num total de 1.613.782 condutores) As motos representam hoje
35,53% da frota (710.633 mil motocicletas e afins em uma frota total de dois
milhões de veículos).
Em dois mil e onze, segundo estudos encomendados pela CDL, 31.336
automóveis e 13.645 motocicletas, isso em dois mil e onze, era a frota de
veículos em Santa Cruz do Capibaribe. Destacando o alto número de motocicletas.
(Perfil socioeconômico de Santa Cruz do Capibaribe. Uma publicação da CDL Santa
Cruz).
Hoje, há mais motos do que carros sendo registrados em Pernambuco. 12.461
condutores tiveram seu direito de dirigir suspenso. Destes, 7.590 (60,91%)
foram motociclistas. Esses são alguns dados do CEPAM; comitê de prevenção aos
acidentes de motos de Pernambuco.
Sim! Existe um órgão para tratar especificamente do assunto, o que é
muito louvável dado o que se tornou a questão motocicleta hoje em dia. Assunto
complexo que envolve educação, fiscalização, engenharia. Essa tríade que
logicamente é de suma importância, claro deve ser sempre melhorada. Mas, por
que não enfocar o lado sociológico da questão? Hoje vemos que é incentivado o
uso de motos por parte do Estado/Governos, vendendo a ideia de que mais motos
nas ruas representa ascensão econômica e social, como solução de mobilidade,
principalmente para a população de baixa renda. Mas diante de tantas mortes e
mutilações, sem falar os atropelamentos a pedestres, a maioria idosos, gastos
excessivos do sistema de saúde, será que não estamos pagando um preço alto
demais? Vale mesmo essa pena? Será que a grande massa não esta servindo apenas
para alavancar os lucros dos fabricantes de motocicletas, enchendo os cofres
públicos com pagamentos de IPVA e tantos outros encargos que acarreta possuir
uma moto? Já existem estudos confirmando que engenharia, educação e
fiscalização não dão conta de resolver os problemas causados pelo uso excessivo
de motocicletas. A questão vai além de uma simples habilitação ou mesmo do
uso dos assessórios obrigatórios como capacete e outros. Não adianta
estruturar as vias com asfaltos e sinalizações, haja vista o alto número de
acidentes mesmo com tudo isso existindo na prática.
Não seria o caso de Governos Federal, Estadual e Municipal intervirem
mais energicamente nesse processo que se tornou o ir e vir de moto. Uma
complexidade que está matando, mutilando, deixando incapazes, de forma absurda, seres humanos em idade ativa e produtiva? Sei que réplicas e tréplicas não
faltam nessa questão. Mas, que esse texto sirva para nós enquanto sociedade
abrirmos os olhos, refletirmos e debatermos esse tema da violência no
transito (associações ignoradas) que já está sendo aceita de forma tão comum
nos dias atuais.
*O Artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Blog Merece Destaque.
*O Artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Blog Merece Destaque.
0 Comentários