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Estamos perdendo a guerra para a violência

Artigo de Clécio Dias*


Cidades pequenas como a nossa têm sido o reflexo do que vem acontecendo em nosso país como um todo! As ruas se tornaram lugares ermos e as pessoas evitam ficar fora de casa.

Os caixas eletrônicos viraram alvo fácil e os “carros fortes” já não são mais fortes! As câmeras de segurança dos estabelecimentos comerciais e das residências filmam em diversos ângulos os mais variados tipos de assalto.

As organizações criminosas estão mais bem armadas que a polícia. As “comunidades” cariocas são o retrato da dominação do tráfico de drogas. As torturas, os crimes impunes, a violência contra as mulheres. Todos os tipos de violência!

Vivemos a época da impunidade e da barbárie. A violência no trânsito tem feito vítimas: pedestres, ciclistas, motociclistas etc. Os veículos se transformaram numa arma fatal e não existe punição para quem mata no trânsito! O homicídio culposo tem pena branda e cada um que se cuide para não morrer atropelado, senão a família vai assistir ao assassino sair do fórum sem algemas!

A lei do desarmamento foi aprovada sobre a mentira de que se tirassem as armas dos civis a criminalidade diminuiria! Pura mentira! Hoje em dia, os bandidos têm a mesma facilidade de possuir armas (inclusive de uso exclusivo das forças armadas).

O bandido pego com armas não responde pelo crime de porte ilegal, pois os crimes hediondos que comete absorvem aquele crime. O cidadão, ao contrário, vai preso se portar uma arma e não pode mais se defender.

O devedor de pensão alimentícia ocupa o mesmo espaço do estuprador, torturador, assassino em série. Os presídios estão acabados e a soltura dos criminosos tem sido a solução. As Audiências de custódia “evitam” que os presídios fiquem mais lotados do que já estão. Há mais bandidos nas ruas, nas praças etc. do que nos presídios.

Os cidadãos brasileiros, aos poucos, vão construindo seus próprios presídios em suas próprias casas! As empresas que negociam cercas elétricas ganham muito dinheiro; aquelas que instalam câmeras de monitoramento enriquecem; as seguradoras de veículos nadam em dinheiro; aquelas que blindam automóveis também aumentam seus lucros.

A violência em nosso país assusta, passa a ser absurda e inacreditável. As capitais dos estados brasileiros parecem mais os países que vivem em conflitos armados e o índice de homicídio cresce tanto que as notícias de assassinatos passou a ser rotina, inclusive em cidades pequenas.

Os bandidos estão mais ousados! Roubam debaixo de a luz solar. Todos os dias. Não escolhem a classe social das vítimas. Possuir uma motocicleta ou um carro tornou-se uma isca para a marginalidade.

Saímos às ruas com medo. Ficamos dentro de casa tremendo. O barulho das bombas, que só víamos no mês de junho, agora dá estampidos o ano inteiro. Aos poucos estamos nos acostumando com o mundo de violência.

Os roubos de celulares e pertences de menor importância já não são mais registrados porque as filas nas delegacias são mais desagradáveis que um assalto rápido e sem vítimas. Estamos perdendo a quebra de braço para a violência!

O pior é que além da violência que fez de nós “homo medrosus” estamos perdendo a esperança de que a situação vai mudar ou, pelo menos, estamos utilizando as estratégias erradas. A população perdida pelo medo que a assola grita por mais punições e mais presídios, mas essas medidas são apenas paliativas.

As verdadeiras estratégias deveriam ser bem elaboradas e em conjunto com a sociedade civil e o poder público. Porém, como pode um povo ter esperança quando uma das maiores violências vem das autoridades que deveriam lutar contra a violência!

Todos os dias, o povo é assaltado por notícias de esquemas de corrupção e, quase sem esperança, percebe que os grandes criminosos estão entre aqueles que a população, de forma ingênua, enxergava esperança.

Os presídios abrigam em seu interior terríveis homens; as ruas são povoadas por bandidos perigosos; mas os altos cargos do país têm sido ocupados por homens não menos perigosos que aqueles que lotam os presídios ou aqueles que roubam livres nas ruas!

*Clécio Dias é Poeta, corretor de imóveis e advogado.

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