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O que você precisa saber sobre a psoríase

Por Dimitri Luz*


No verão, com tantos corpos mais expostos em razão do clima quente nos lembrando sobre os cuidados com a saúde da pele, é um bom momento para abordar a importância da conscientização a respeito da psoríase.

Trata-se de uma doença que atualmente atinge 2,5% da população mundial – dessas pessoas, cerca de 10% desenvolvem artrite psoriática cujos primeiros sinais são inchaço, rigidez e dor nas articulações assim que a pessoa acorda, cerca de 10 anos após o início dos sintomas cutâneos. Em geral, a psoríase se destaca muito na pele, acabando por causar afastamento social dos portadores em razão do seu aspecto marcante. O que muita gente não sabe, porém, é que ela não é contagiosa – ou seja, esse isolamento dos portadores da doença não tem outra razão de ser que não o puro preconceito.

Como professor do curso de Medicina da Unisa, tive a oportunidade de, juntamente com os alunos do 7º semestre, reunir uma documentação completa sobre o tema. A seguir, algumas informações sobre a psoríase, que são parte dessa documentação e constituem um conhecimento de grande importância para a população.

A psoríase é uma doença crônica do sistema imune. Ela aparece com vermelhidão, espessamento e descamação da pele, e causa coceira. Isto faz com que a nova pele nasça muito rapidamente (levando apenas dias, em vez de semanas), então ela permanece sempre delicada e frágil, facilitando o surgimento de feridas. A psoríase pode ser hereditária e se desenvolver em qualquer lugar do corpo. Assim, caso a pessoa com eventuais sintomas tenha alguém na família com psoríase, é importante informar ao médico.

Há diversos tipos de psoríase. A psoríase em placas apresenta manchas elevadas de pele cobertas por escamas prateadas, comumente encontradas em cotovelos, joelhos e parte inferior das costas; a psoríase em couro cabeludo é parecida com a anterior, mas localizada no couro cabeludo, o que pode fazer com que ela seja confundida com caspa; a psoríase gutata ou em gotas causa pequenas manchas redondas e vermelhas que podem aparecer de repente, sempre após uma infecção (como a de garganta); a psoríase pustulosa apresenta pequenas bolhas de pus na palma das mãos ou na planta dos pés, que podem ser dolorosas; já a psoríase eritrodérmica, menos comum, é um tipo severo da doença que causa vermelhidão intensa e espalhada, além de descamação da pele. Em todos os casos, alguns fatores externos podem piorar o quadro, como estresse, infecções de garganta, clima frio, pele seca, traumas emocionais recentes, uso de lítio ou medicamentos para o coração.

Ainda sem cura conhecida, a psoríase geralmente se manifesta em ciclos, alguns mais gerenciáveis, outros mais complicados. Mesmo quando as placas somem, elas podem retornar, então é importante continuar o tratamento para manter a doença sob controle. Normalmente, esse tratamento varia de acordo com a gravidade, mas pode ir desde a aplicação regular de cremes tópicos (corticóides) e uso de medicações via oral (metotrexato e acitretina) até a aplicação de agentes biológicos em casos mais graves.

Embora sejam personalizados para cada caso e tenham o objetivo de controlar os sintomas, nenhum tratamento é efetivo para todos os portadores, cabendo ao dermatologista a análise do que deve ser feito. O que ajuda todos os portadores é evitar coçar, sempre prevenir o ressecamento da pele com banhos curtos e mornos, além do uso constante de hidratante – de preferência, sem fragrância – e manter as unhas curtas e limpas.

A psoríase pode ser tratada pelo SUS e, em caso de sintomas suspeitos, é fundamental agendar uma consulta com um dermatologista, seja da rede pública ou da rede particular. O objetivo de qualquer tratamento disponível é o controle da doença. Também é importante salientar que a psoríase pode apresentar um aspecto desagradável na pele, causando afastamento social do portador. Contudo, como afirmei antes, a doença não é contagiosa e é essencial que a sociedade esteja ciente disso, pois muitos portadores, vítimas de preconceito, acabam por não procurar atendimento médico adequado e desenvolvem quadros mais graves. A artrite psoriática, por exemplo, é potencialmente incapacitante se não tratada da forma certa.

Assim, se você ou um familiar possui algum dos sintomas mencionados antes, é importante buscar atendimento médico e, em caso de confirmação, já dar início ao controle e tratamento da doença.

*Dimitri Luz é dermatologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.

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